Na reunião do Conselho Consultivo Regional de Trás-os-Montes, esta terça-feira, em Mirandela, a Confederação dos Agricultores de Portugal também pediu celeridade no aprovisionamento de vacinas.
A febre catarral ovina, também conhecida como vírus da língua Azul, que já matou perto de 40 000 ovinos, afetou cerca de 2 000 explorações, num total de quase 120 000 infetados, segundo dados da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), continua a causar enorme apreensão nos produtores pecuários pelos avultados prejuízos causados e sem uma solução à vista.
No final de uma reunião do Conselho Consultivo Regional da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), esta terça-feira, em Mirandela, o presidente da estrutura, Álvaro Mendonça e Moura, revelou que esse foi um dos assuntos abordados no último dos oito conselhos consultivos regionais realizados pelo país, desde o início de 2025.
O líder da CAP defendeu que o apoio anunciado pelo Governo “não é suficiente”, pelo que pede que seja reformulado:
“O Ministério parece-me já ter reconhecido que a medida que pôs cá fora não é uma medida bem pensada porque deixa de fora a maior parte dos produtores que foram afetados, portanto ela terá que ser corrigida”, defendeu.
O Ministério da Agricultura e Pescas anunciou, no início de fevereiro, um apoio de oito milhões de euros, através do Plano de Desenvolvimento Rural 2020 (PDR2020), aos produtores afetados pela língua azul e pelas tempestades Kirk e Dana, em 2024.
São elegíveis para estes apoios as explorações cujo dano sofrido seja superior a 30% do seu potencial produtivo e cujo investimento associado represente um montante entre os mil e os 400 mil euros”, explicou o ministério, em comunicado.
Para Álvaro Mendonça e Moura, a medida é “injusta” porque o limite de 30% “exclui praticamente a totalidade dos produtores”, que “não têm só ovinos, têm bovinos ou têm outras produções”, acrescentou.
O presidente da CAP disse já ter transmitido ao Governo as preocupações dos agricultores, esperando uma “resposta célere” do executivo com a correção da medida:
O presidente daquela estrutura alertou ainda o Governo de que “é preciso rapidamente o aprovisionamento das vacinas porque são absolutamente essenciais” e chamou a atenção para outro problema mais grave que está a chegar.
“É preciso começar a pensar, desde já, no serotipo B da língua azul que vai afetar o país e receia-se que vá abranger não só os ovinos, mas também os bovinos e isto a acontecer terá um impacto enorme. Portanto, é preciso prevenir esta situação e atuar muito rapidamente. As vacinas são indispensáveis”, acrescentou.
Como se isso não bastasse, o presidente da CAP lamenta que a demora no ressarcimento dos produtores pecuários afetados pelo surto da língua azul esteja a causar muitas incertezas no seu futuro:
“Estamos a começar o período das candidaturas, o chamado pedido único, e há vários despachos que têm de ser publicados, que já deviam ter saído, a isentá-los de determinadas obrigações que eles só não podem cumprir precisamente porque perderam os animais, portanto não pode haver um duplo castigo aos produtores pecuários”, referiu Álvaro Mendonça e Moura.
A crise no setor vinícola e o “disparate” da obrigatoriedade de inscrição na Casa do Douro
O Presidente da CAP adiantou que neste conselho consultivo de Trás-os-Montes, os associados manifestaram uma enorme preocupação com o que está a acontecer no setor vinícola na região duriense:
“É uma crise muito séria e o Governo tem de olhar para esta situação com olhos de ver”, afirmou.
“O preço que se tem pago pelas uvas nesta região não compensa o trabalho do agricultor com uma diferença enorme de preço em relação, por exemplo, às uvas que são pagas na região do Alto Minho”, acrescentou.
O líder da CAP mostrou-se ainda “indignado” com a questão da obrigatoriedade da inscrição na Casa do Douro:
“É um disparate sem pés nem cabeça. Não consigo perceber porque é que o Governo não quis manter aquilo que tinha sido feito pelo Governo de Passos Coelho e deixou-se ir por uma lógica que foi imposta no tempo da geringonça e que este Governo efetivamente podia ter parado”, salientou o presidente daquela estrutura.
Para Álvaro Mendonça e Moura, esta inscrição obrigatória numa associação “vai contra todos os princípios. Associativismo obrigatório não é associativismo, é uma prisão em que a pessoa é posta perante uma condição, ou se inscreve ou não pode ser agricultor”, lamentou.
Os alertas deixados pele presidente da CAP na reunião do conselho consultivo regional, em Mirandela.
INFORMAÇÃO CIR (Escrito e Fotografia por Rádio Terra Quente)

