Jornadas de Comunicação e Jornalismo da EsACT com os olhos no futuro para solucionar problemas atuais do jornalismo 

A Escola Superior de Comunicação, Administração e Turismo (EsACT), do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), recebeu a IV edição das Jornadas da Comunicação e Jornalismo e o primeiro Encontro dos Media Regionais em Trás-os-Montes, com diversos painéis variados e temáticos. Este foi um momento de reflexão do presente e das novas vertentes do jornalismo no jornalismo.

A EsACT recebeu a IV edição das Jornadas da Comunicação e Jornalismo, esta quarta-feira e quinta-feira passadas, em Mirandela. O momento foi de reflexão sobre os desafios desta área e acolheu referências nacionais do jornalismo e da comunicação, alunos, docentes e investigadores. 

Foi organizado pelo Núcleo de Estudantes e pela Comissão de Curso da Licenciatura em Comunicação e Jornalismo. Filipa Moura presidente do núcleo, estudante do segundo ano do curso, explicou e fez o balanço do primeiro momento: 

“No primeiro dia começamos logo com um painel de jornalismo desportivo, que é uma área que desperta muito interesse nos nossos alunos. E por isso quisemos que houvesse um foto muito grande nesse tema. Tivemos connosco a Filipa Santos, que é jornalista do Porto Canal, o Carlos Rui Abreu. Queríamos trazer pessoas que representassem várias saídas no nosso curso tem, como televisão, rádio e imprensa escrita. Também tivemos o José Manuel Ribeiro, que já foi diretor do Jogo, e agora é comentador. Também quisemos perceber essa perspectiva, ou seja ser jornalista e agora comentar”, disse Filipa Moura. 

Ainda acrescentou que o segundo painel abordou o “O papel do Jornalista da era da informação”: 

“Trouxemos dois nomes incontornáveis, a Sandra Felgueiras e o Joaquim Sousa Martins. Sem dúvida, penso que foi o painel que teve mais adesão. Ter nomes tão conhecidos na nossa escola, embora tenha sido por via zoom, não deixou de ser muito marcante para as nossas jornadas”, completou a presidente do núcleo. 

Ainda no primeiro dia, os alunos tiveram a oportunidade de experimentar um momento mais prático, com Francisco Merino da Universidade da Beira Interior:

“Nesse dia, tivemos um workshop com o Francisco Merino, que também tem um podcast na Antena 1 e é professor. Posso dizer que o dia, acabou mesmo em grande, porque foi algo muito prático, em que colocamos os nossos conhecimentos na prática, e foi mesmo muito bom”. 

Já na quinta-feira, também foram abordadas novas vertentes do jornalismo como os podcast’s: 

“Relativamente ao segundo dia, arrancamos com o painel pod’talks onde tivemos um jogador de futebol, Afonso Figueiredo e o Francisco Merino onde nos falaram da evolução e do impacto dos podcast’s e esse painel foi particularmente interessante, que foi sem dúvida que agradou ao público, porque conseguimos perceber como estes formatos estão a ganhar espaço junto de públicos tão jovens e como se podem tornar ferramentas tão poderosas no jornalismo e foi muito bom, mesmo”, sublinhou. 

Neste mesmo dia, houve o primeiro Encontro dos Media Regionais em Trás-os-Montes, que reuniu diversos órgãos de comunicação locais e Filipa Moura salienta que foi essencial conhecer estas realidades: 

“Destacar o papel dos meios locais é muito importante porque muitos nós somos do segundo ano, e para o ano vamos estagiar e perceber que há meios que nos dão grande abertura para o mercado de trabalho, e lá está há sempre a hipótese de vir a estagiar lá, acaba por ser importante. E também sublinhar que é fundamental a existência destes meios locais, que é por vezes, nestes que conseguimos ir para o terreno, e pôr em prática os nossos conhecimentos”.

O último painel foi dedicado a ex-alunos, com a presença de Alexandre Pinto e Andreia Reis, uma forma de convidar rostos que estudaram na mesma escola: 

“Nestes casos, estes dois ex-alunos ficaram a trabalhar, onde fizeram o estágio, e por isso explicaram as oportunidades que surgiram, sobretudo, como funciona passar para o mercado de trabalho. Queríamos ter essa perspectiva, porque para o ano, é o último ano de licenciatura. E perceber quais são as diferenças, para nós era muito importante e quisemos trazer esse painel para as nossas jornadas. Para não serem só profissionais que já estão na área há muito tempo, mas sim, rostos que estudaram connosco e estão agora a dar os primeiros passos, no mercado de trabalho. Considero que foi um painel que cativou muito os nossos alunos. Porque lá está, éramos colegas e agora são profissionais”. 

Como balanço final, refere que não podia estar mais satisfeita: 

“Enquanto presidente do núcleo, não podia estar mais contente com o programa e com as quartas jornadas. Considero que elaborar um programa muito completo e diversificado e conseguir chegar aos alunos de comunicação e jornalismo e não só, como à comunidade, e sermos reconhecidos pelo nosso trabalho, também foi muito importante para nós e dá-nos força para continuar”. 

PRIMEIRO ENCONTRO DE MEDIA REGIONAIS EM TRÁS-OS-MONTES 

Já Tiago Fernandes, diretor do Curso e que pertence à Comissão de Curso, adianta que a quarta edição foi um êxito quer pela adesão quer pelas temáticas abordadas: 

“Em relação às jornadas podemos dizer que foi um sucesso, em que marcou presença muito público estudantil, mas também algum externo da cidade, que se interessa pela temática. E ainda alguns colegas docentes e funcionários que assistiram às diversas palestras que decorreram durante os dois dias. Já em relação ao primeiro encontro de media regionais, creio que foi um momento muito relevante para refletir o jornalismo de proximidade. Os contributos que foram fornecidos foram muito importantes, porque são de pessoas que diariamente lidam com estes desafios, seja o sub-financiamento, a pressão política que também foi abordada. Todos foram importantes, mas o aspecto que saliento é, que é o que nos dá mais esperança para o futuro, refletir daquilo que pode ser feito, para atrair o público mais jovem, que se interesse pelos órgãos de comunicação regionais e que de alguma forma, possa garantir a subsistência desses órgãos”. 

No âmbito do primeiro Encontro dos Media Regionais em Trás-os-Montes, foi convidado o diretor do jornal Mensageiro de Bragança, António José Rodrigues. Este título já recebeu o Prémio Gazeta – Imprensa Regional da Agência ECCLESIA em 2024, tendo sido o primeiro jornal do distrito de Bragança a receber este prémio. O diretor explica as principais dificuldades que enfrenta no dia-a-dia, no exercício desta profissão: 

“Desde logo, o acesso às fontes, porque estando sobretudo no interior do país, é mais difícil ter acesso às fontes, sobretudo institucionais e ligadas ao governo que não olham para os órgãos do interior com os mesmos olhos, com que olham para os órgãos da capital. Por exemplo, já me aconteceu, uma vez que também sou correspondente de órgãos nacionais, pedir a informação a partir do media regional e ser completamente ignorado. E a partir do momento, que é enviado do órgão nacional, a resposta é enviada de imediato. E continua a ser o mesmo jornalista e com os mesmos direitos. Portanto, há esta falta de cultura democrática e mediática por parte das instituições. Por outro lado, também vemos cada vez, mais dificuldades das gerações mais novas com a leitura. Há cada vez menos pessoas a ler, livros e sobretudo jornais, e está-se a perder o hábito da leitura dos jornais, e isso nota-se numa falta de perspectiva crítica e capacidade das pessoas. Que têm muita dificuldade em analisar textos e até mesmo da realidade daquilo que acontece há sua frente. Não consegue interpretar a realidade e têm muita falta de cultura geral. Regra geral são estas as maiores dificuldades que eu vou vendo”.  

O critério de convite passou por representação de cada município, por isso também de Vila Real, foi convidado outro jornal, “A Voz de Trás-os-Montes” que foi “Prémio Gazeta de Imprensa Regional 2023”. A jornalista que representou este semanário foi Olga Telo Cordeiro, que desempenha esta função há 11 anos, que salienta o facto de as redações serem muito reduzidas: 

“As maiores dificuldades estão relacionadas com o facto de as redações serem pequenas  e os jornalista terem falta de tempo, para muitas vezes conseguirem fazer o trabalho da melhor forma, e poder fazer mais investigação, sobre um certo assunto. Considero que essa é uma grandes dificuldades, que está também relacionada com os problemas económicos que a imprensa regional enfrenta por falta de publicidade e de assinantes”.

Outro dos convidados foi Filipe Ribeiro, representando o jornal digital independente 7Montes, que se foca na investigação mais aprofundada dos temas. 

A moderação esteve a cargo de Manuela Carneiro, jornalista correspondente da SIC e professora e de João Pedro Batista da UTAD e do IPB. 

Também a Rádio ONDA LIVRE participou neste debate de reflexão. 

Escrito por Rádio ONDA LIVRE 

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