Começa, esta segunda-feira, no tribunal de Mirandela, o julgamento de uma mulher de 48 anos
acusada de matar a mãe e atirar corpo ao rio Douro com ajuda do marido e uma amiga do casal
O Plano terá sido executado com a intenção de herdar dinheiro e património da vítima, uma professora aposentada.
O caso já aconteceu há três anos.
Os três arguidos, todos residentes em Mirandela, são acusados dos crimes de homicídio qualificado e profanação de cadáver.
O julgamento deste caso, começou, esta manhã, no tribunal de Mirandela.
Segundo o despacho de acusação, desde pelo menos 2008, que os arguidos passaram a ter dificuldades financeiras, principalmente a partir da morte do marido da vítima que “ajudava a filha com elevadas quantias de dinheiro e pagava as inúmeras dívidas que contraia conjuntamente com o marido”, conta a acusação.
A partir do falecimento, esta e a mãe (vítima) passaram a ser as únicas herdeiras e não acordaram extra-judicialmente quanto à partilha da herança do falecido.
O tribunal de Mirandela decidiu atribuir a Maria Romano, entre outros bens, a quantia de 200 mil euros.
Tal decisão não foi do agrado da filha e do genro, bem como a pretensão manifestada pela vítima de doar todo o dinheiro e bens que possuía à pessoa ou instituição que cuidasse dela.
A partir daí, “os arguidos decidiram agir por forma a tirar a vida a Madalena Romano para que a
filha, única herdeira, pudesse ficar com todos os bens e o dinheiro da vítima”.
Segundo a acusação, os três arguidos, em conjugação de esforços e vontades, “engendraram” um
plano.
No dia 13 de Novembro de 2010, ao final da tarde, a vítima deu entrada no prédio de uma amiga que fica nas proximidades
do estabelecimento comercial explorado pela amiga do casal, também arguida, e esta passou a vigiar os seus movimentos.
Quando a viu sair sozinha, alertou a filha e o genro de Maria Romano (proprietários de um café a
escassos metros do local), que rapidamente apareceram.
“Agarraram-na e forçaram-na a entrar no carro da amiga e de forma não concretamente apurada, asfixiaram-na e/ou intoxicaram-na por fenobarbital, em dose tóxica ou letal, que causou a morte da vítima”, refere a acusação.
Posteriormente, fizeram a transferência do cadáver para o automóvel pertencente ao genro da vítima e deslocaram-se para o Lugar de Pereiro, na Bouça (Mirandela), onde “amarraram uma pedra de 30 quilos na zona anterior do tórax e abdómen do corpo, preso por seis voltas de arame revestido com plástico”.
O cadáver foi colocado na mala do carro do genro da vítima pelos três arguidos que se deslocaram
até à margem do rio Douro, “onde o deitaram para ocultar o cadáver”, relata o MP.
Quinze dias depois, o cadáver foi encontrado por pescadores, a boiar na barragem de Bagaúste.
Em Abril do ano passado (dois anos e meio depois da morte), a PJ entendeu haver
matéria suficiente para deter e levar a tribunal a filha da vítima, o genro e a amiga do casal.
Depois de ouvidos em primeiro interrogatório, o magistrado judicial decidiu que os três aguardam
julgamento em liberdade, mediante uma caução total de 275 mil euros.
Escrito por Terra Quente (CIR)