Os acionistas da EDP poderão ser lesados em 700M€ de euros com a construção da Barragem de Foz Tua.
Contas apresentadas por João Joanaz de Melo, presidente do GEOTA (Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente) e Coordenador Técnico da Plataforma Salvar o Tua, que considera que, ainda que já esteja muito dinheiro investido na construção da barragem, a conclusão da obra pode ser muito mais danosa, também a nível financeiro.
“É verdade que está muito dinheiro investido, mas é mais o que se vai perder (o país e a própria EDP).
Isto é uma mensagem para os acionistas da EDP, ainda não foi muito divulgado pela comunicação social mas andamos a denunciar isto há vários anos: se o projeto for para frente, o prejuízo para EDP e acionistas será de 700M€ de euros, supondo que o estado não vai dar mais subsídios do que o que está a dar, que atualmente são de 34M€ de euros sem qualquer justificação.
O que temos em Foz Tua é um negócio em toda a gente perde, desde a região, o país, o Estado Português que, inevitavelmente, vai fazer figura de parvo perante a UNESCO e as instituições internacionais, e a EDP e os seus acionistas vão perder.”
João Joanaz de Melo fala de “falta de coragem” para assumir que se tomaram más decisões em Foz Tua. Acrescenta ainda que para parar a construção da barragem seria necessária uma opinião pública forte, dando até como exemplo a recente onda de revolta em torno da destruição da uma cidade neolítica no Iraque.
“Estamos perante um problema de falta de coragem para assumir os erros. Isto é algo que só pode ser invertido com uma opinião pública forte, esta tem de se convencer que as barbaridades têm de ser paradas.
Recentemente houve um enorme alarido, com toda a razão, porque o Estado Islâmico destruiu a cidade Neolítica de Nimrud no Iraque, pois foi destruição do património Mundial. Pois aqui também estamos perante a destruição de património Mundial, estamos diante da amputação de um braço do Alto Douro e não há nenhuma justificação possível para esta destruição.
Portanto, é preciso vontade das instituições e uma posição clara e forte por parte da opinião pública para parar esta barragem.”
João Joanaz de Melo avança que, no sentido de mobilizar a opinião pública, vão lançar o repto ao cidadão individual que envie cartas à UNESCO, onde expresse indignação quanto à construção da Barragem de Foz Tua.
Contatada, a EDP diz em comunicado que “não comenta as declarações, sublinhando no entanto que a UNESCO declarou o projeto compatível com a classificação do Douro Vinhateiro como Património da Humanidade, não estando sequer na lista da UNESCO do património em risco. A Barragem de Foz Tua tem ainda associados inúmeros projetos importantes para o desenvolvimento da região como é o caso do já criado Parque Natural Regional, do Plano de Mobilidade Turística, em fase de elaboração, de um programa de empreendedorismo orçamentado em 1M€ e ainda de um fundo financiado com 3% da receita líquida anual gerada pela hidroelétrica”.
A Barragem de Foz Tua deve entrar em funcionamento em 2016, e representa um investimento de 370M€ de euros.
Escrito por ONDA LIVRE