O Helicóptero do INEM estacionado em Macedo de Cavaleiros vai manter-se na cidade, pelo menos, até à saída da decisão tomada pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Mirandela.
O Tribunal ainda não anunciou a decisão tomada e até lá o meio de emergência aéreo vai manter-se no distrito de Bragança.
Esta foi a única certeza passada durante a manifestação que decorreu este domingo, em Macedo de Cavaleiros.
Os cerca de meio milhar de protestantes que se juntaram no Heliporto Municipal entoaram vozes de protesto e revolta e afirmam que não vão cruzar os braços perante esta causa.
“É um atentado à vida humana porque aqui não temos meios para nos socorrer rapidamente como o helicóptero, acho que é importante que fique em Macedo de Cavaleiros. Tem que ficar, vamos lutar por isso”, diz a protestante.
“Há transmontanos de segunda classe. Os de Vila Real são os transmontanos ricos e os de Bragança são os transmontanos pobres. Querem-nos levar o helicóptero para Vila Real e nós, no distrito de Bragança – Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Miranda, todas as aldeias e cidades que pertencem ao distrito de Bragança, o que somos nós? Vamos morrer, não temos direito de viver?”, questiona outra popular.
“Nós transmontanos, somos poucos mas somos resistentes. Se o helicóptero sair de Macedo, que é a melhor localização do ponto de vista estratégico, muita gente morrerá por falta de assistência médica no local onde, eventualmente, acontecer acidentes ou outra qualquer situação.”
Houve mesmo quem acampasse durante a noite junto ao Heliporto Municipal em sinal de protesto.
“Estou aqui desde as dez e meia da noite. Decidimos fazer, além das manifestações que se fazem durante o dia, um bocado de sacrifício, tiramos um bocado da nossa noite com a família que poderíamos estar e fazer uma vigília durante a noite”, conta João.
“Pernoitamos aqui porque era a forma de nos manifestarmos, fazer uma vigília para não nos levaram o helicóptero. Houve uma saída de emergência, nós tivemos a preocupação de saber o porquê disso, nós não íamos deixar que o helicóptero saísse daqui. Isto é uma das poucas formas que nos podemos manifestar. É uma luta constante, uma batalha que nós queremos vencer. O povo unido jamais será vencido”, afirma, Rui Pacheco.
Como contrapartida da saída do Helicóptero do INEM do distrito vão ser colocadas três ambulâncias de Suporte Imediato de Vida (SIV) no Nordeste Transmontano.
O impulsionador deste protesto, Ilídio Mesquita sustenta que o ideal seriam ambas as situações e a vindas destas ambulâncias não compensa de forma alguma a saída do meio de socorro aéreo.
“Ainda ontem tive que ir a Bragança e demorei 50 minutos. Vim de Vila Real aqui e demorei mais 50 minutos. As ambulâncias não correspondem e depois temos o problema das estradas municipais, das estradas para as aldeias. Não pode ser. Nós precisamos de um meio rápido, quer para levar pessoas, quer para evacuar pessoas, quer para levar o próprio socorro médico”, afirmando que, “é necessário termos o helicóptero na região. O meio aéreo e o meio terrestre não têm comparação, é como compararmos água e vinho, não é possível”, sustenta, Ilídio Mesquita.
Recordo que a aeronave foi colocada em Macedo de Cavaleiros fruto de um protocolo assinado a 14 de Abril de 2007.
O coordenador da Comissão de Saúde de Macedo de Cavaleiros também aderiu ao protesto.
José Madalena argumenta que a saída da aeronave é um retrocesso para a região que se prende apenas com questões economicistas.
“Este helicóptero veio para Macedo de Cavaleiros há cerca de dois anos e meio. Na altura foi uma promessa que custou a cumprir, demorou dois anos a cá chegar, entre o protocolo celebrado com a Câmara e a chegada efetiva do helicóptero. É com muita pena que vejo esta ameaça, é a retirada de um serviço muito importante porque nós tínhamos alcançado um patamar de socorro às populações do distrito muito bom”, explica.
José Madalena realça ainda que, “é um retrocesso para a região, é com grande mágoa que vejo a possibilidade do helicóptero vir a ser retirado. Ainda acredito que possa haver um retrocesso em todo este processo, porque parece-me cada vez mais claro que isto tem por trás apenas uma decisão economicista”, sublinha.
“O Povo Unido Jamais será Vencido”, uma expressão que remonta à Revolução do 25 de Abril, muito ouvida no decorrer de mais um protesto contra a retirada do Helicóptero do INEM de Macedo de Cavaleiros que juntou cerca de meio milhar de pessoas.
De referir que os 12 autarcas do distrito de Bragança submeteram em tribunal “decretamento provisório da suspensão da decisão do Instituto Nacional de Emergência Médica”, como formo de assegurar o meio aéreo, pelo menos, até à decisão final do magistrado.
Escrito por Onda Livre