Os moradores do Bairro São Francisco, em Macedo de Cavaleiros, onde estão a decorrer as obras de melhoramento da paragem de autocarros, manifestaram-se esta manhã contra a intervenção.
Os moradores impediram os funcionários de continuar com os trabalhos que deveriam ter início às 7h da manhã e travaram as máquinas com os próprios carros.
Maria Fernandes habita no bairro social há 30 anos e refere que não foram devidamente informados sobre o tipo de intervenção que está prevista fazer.
“Resolvemos fazer esta manifestação porque já moro neste bairro há 30 anos, fizeram este relvado que é o espelho de Macedo, é a entrada da cidade, e agora a Câmara sem dizer nada a ninguém decide destruir o relvado. Não estamos de acordo com a plataforma que vão pôr aqui, se têm dinheiro que o apliquem onde vai ficar definitivamente e nós não queremos aqui a plataforma como a estão a pôr. Não estamos contra nada nem contra ninguém, estamos a defender o nosso património. Em todo o lado se preserva os espaços verdes, aqui estão para o destruir, nós não queremos. Onde está a preservação da Natureza? Não queremos. Estamos aqui para defender as nossas casas. Estou aqui há 30 anos, gosto de estar aqui, este campo é limpo e não são estes senhores porque estamos na época em que estamos que o vão destruir.”
Refira-se que está prevista a construção de uma casa de banho e de uma sala de espera para os utentes dos transportes rodoviários.
Idália Mateus, deputada municipal da CDU, habita no bairro São Francisco e está indignada com o projeto.
Revela ainda que falta informação da paragem provisória, situada no Largo da Bela Vista.
“Não estou aqui como política, nem de perto nem de longe. A ideia que me dá é que um iluminado qualquer lembrou-se que havia de fazer aqui a camionagem até Setembro. Nós não estamos na disposição de permitir uma coisa dessas porque isto é um sítio lindíssimo, é dos poucos sítios bonitos que ainda existem em Macedo”.
“Estamos aqui desde as 7 da manhã. Assistimos à vinda de um casal que tinha uma consulta no Porto, um outro casal de idade que vinha a pé carregado de sacos e agora esta menina. Não há nada que informe, não há uma placa, as pessoas chegam e andam aqui às aranhas.”
Carlos Areosa frisa que é contra a altura da pala e mexidas no espaço de relvado em frente às moradias do bairro.
“É uma vergonha que ainda não tenham resolvido este problema. Este local não tem condições para desembarque e embarque de passageiros, inclusive falta wc. É completamente inadmissível, querem por aqui uma pala pondo em causa toda esta maravilha, todo este jardim, dos poucos que ainda há em Macedo. Pensem nas coisas com cabeça, tronco e membros.”
O vice-presidente da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros foi auscultar as reivindicações dos cerca de 25 moradores que hoje se manifestaram.
Duarte Moreno explica o que vai ser feito garantindo que não vai tapar a visibilidade das casas.
“Vai se utilizar um pouco da relva, vão ser cerca de 120 metros quadrados. Não se vai subir, a obra e não vai ter pisos, não se vai deixar as pessoas sem vista. Vamos ter uma paragem de autocarros com condições para os munícipes poderem estar à espera do autocarro, para não se molharem, poderem tomar café numa máquina, servirem-se de uma casa de banho e terá os dois lugares para comprar os seus bilhetes. Será uma coisa pequena só como paragem.”
A realização da sala de espera e das casas de banho será uma obra com 2,20 metros de altura, numa área global de 120 metros quadrados.
A intervenção está orçada em cerca de 100 mil euros.
Duarte Moreno diz que a voz dos moradores é suprema e assegura que não irão realizar nada contra a sua vontade.
“Trata-se de uma obra de requalificação que apenas começou agora (não por obras eleitoralistas) mas porque só agora tivemos o ok financeiro da CCDR, embora já esteja adjudicada há mais de um mês e meio, mas o ok financeiro foi a parte mais importante porque são 400 mil euros que estão em causa e nós precisamos desse dinheiro para financiar a obra”.
“Nós ouvimos sempre as opiniões das populações, são elas que nos mantém nos lugares em que estamos, se as populações não querem nós não temos porque obrigar. Acho que a população é quem manda, é quem ordena, e nós temos que fazer o que eles querem. Eu prometi-lhes que quando estivéssemos para adjudicar a segunda fase do projeto eu viria falar com eles novamente e mostrava-lhes o projeto.”
Após a explicação da autarquia sobre o que ali vai ser concretizado, os moradores cederam e as obras foram retomadas por volta das 10 horas da manhã.
Escrito por Onda Livre