Alfaiate, uma profissão que resiste ao tempo

A profissão de alfaiate é uma arte que está a cair em desuso e parece não haver grandes esperanças de preservação do ofício.

Cândido Augusto Moreira tem 72 anos, começou a aprender a arte de alfaiate aos 18 anos.

Quando terminou a vida militar regressou a Macedo de Cavaleiros e continuou o trabalho chegando a chefe de oficina.

Antigamente existiam vários costureiros na cidade e muita procura.

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“Fazia-se muita roupa, não havia prontos a vestir, fazíamos roupa para criança, homem e senhora. Trabalhava muito com cabedal, cada um tinha os seus próprios clientes. Tínhamos um catálogo e as pessoas escolhiam o que pretendiam.”

Os alfaiates na altura tinham um papel importante na sociedade, em relação aos clientes Cândido Moreira têm varias recordações.

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“Havia um cliente muito caricato o Sr. Corunha que queria sempre o mesmo modelo, calça apertada bolsos da parte de traz, a moda á 50 e poucos anos variava, calças a boca-de-sino, casacos com e sem abertura.

Dos meus colegas de aprendizagem só eu e outro é que exercemos profissão.”

São profissões que tentam resistir aos tempos.

Já lá vai o tempo em que os alfaiates não tinham mãos a medir, mas hoje o cenário é diferente.

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“Atualmente as pessoas procuram outro tipo de serviços. Faço neste momento mais arranjos. Um fato fica muito caro, também a mão-de-obra é diferente.

Os meus filhos não seguiram a minha profissão. Eu neste momento não tinha paciência para ensinar, mas gostaria que as pessoas se dedicassem mais a esta arte. Antigamente ganhava 20 escudos por dia. Eu paguei para aprender, agora ninguém quer saber.”

Aos 72 anos Cândido Moreira continua a exercer a arte de ser alfaiate, em Macedo de Cavaleiros.

 

Escrito por Onda Livre