Transmontana convida a “observar” a sua exposição

«Observa.»

É o nome da nova exposição de pintura patente no Centro Cultural de Macedo de Cavaleiros até 25 de fevereiro.

Inaugurada este sábado, a mostra de arte é marcada pelo olhar contemporâneo ao mundo rural, e desta forma afirmar-se como um tributo à identidade da cultura de Trás-os-Montes.

A pintora Marta Romano, natural de Mirandela fala das inquietações que a invadem e que transporta para a tela.

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“Principalmente transmitir a minha inquietação e as minhas preocupações no nosso espaço rural. Neste caso o transmontano, que é o que eu conheço e onde eu nasci, e as minhas inquietações e aquilo que eu observo nele.

Aqui está algum desse processo. Eu pretendo que as pessoas nesta exposição ao verificarem as alterações realizadas ao longo destes anos com as obras, que consigam compreender aquilo que eu tenho sentido. E que sintam as suas próprias inquietações sobre as imagens que aqui aparecem.”

 

As peças de pintura e escultura buscam a exaltação estética através da combinação de formas que representam a natureza.

Marta Romano, de apenas 27 anos diz gostar de arte desde que se lembra e refere os materiais e técnicas presentes nos seus trabalhos.

 

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“Sinceramente, desde que me lembro de ter vida.

Eu fui para a escola Soares dos Reis, no Porto, que era a escola secundária artística, e já pintava a óleo antes disso. Desde que me lembro mesmo.

Temos uma vertente que é óleo sobre tela. Os formatos são sempre grandes, inicialmente. Depois, por inquietações, decidi trabalhar outros formatos. Só não trabalhei formatos ainda maiores devido a dificuldades de transporte. Teria obras de cinco metros, seis, para poder trabalhar todas as inquietações que ainda estão cá dentro.

Tenho uma parte em que tentei ir buscar as texturas rurais nas minhas esculturas em vidro. Tenho duas técnicas de trabalho: o casting, que é a fusão de vidro; e o Pate de Varre, que é através de vidro moído. Também vai a fundir, mas permite texturas diferentes; depois tenho uma vertente de vitral em miniatura; e aguarela sobre papel, onde eu elimino a cor e trabalho só a preto e branco.”

Com o intuito de permitir que muitos outros olhares vislumbrem os trabalhos que vão chegando ao Centro Cultural, a Câmara Municipal vai continuar a apostar na sua dinamização.

A vereadora da Cultura, Helena Magalhães dá sua própria visão quanto à exposição que convida a observar.

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“O meu olhar é de facto muito inquietante, não apenas relativamente a esta exposição, mas também em relação à pintura, à escultura, à poesia e a todas as formas de arte em geral.

Gosto muito deste título, “Observa”, porque exige que o espetador não tenha uma atitude, mas que se envolva com aquilo que está a ver. Observar é muito mais do que ver, é ver com intencionalidade, tentar perceber o movimento de construção que está na base daquilo que estamos a ver na superfície da tela, quais foram as inquietações do artista e projetar-nos um pouco nessa obra.

Claro que cada um de nós terá a sua interpretação pessoal sobre aquilo que está a ver, mas é importante que não seja um olhar passivo.”

Helena Magalhães é imperativa ao dizer que as portas do Centro Cultural estão sempre abertas para acolher as diferentes atividades artísticas.

 

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“Eu acho que Macedo tem excelentes artistas, em vários domínios.

É para apostar, claramente, na prata da casa. Mas, como eu já tive ocasião de dizer publicamente, a cultura tem raízes e tem asas. Nós devemos preservar as nossas raízes culturais, os nossos artistas locais, porém saber que além disso também há mundo. Devemos cultivar esta ideia de que somos cidadãos do mundo e que devemos trabalhar em rede, em parceria. E ter uma visão mais abrangente do que é a nossa realidade local.”

O Centro Cultural de Macedo de Cavaleiros convida a «observar» a nova exposição de pintura e escultura que estará patente até ao dia 25 de fevereiro.

Escrito por ONDA LIVRE