Um turismo diferente, vocacionado para a cultura geológica, é o que o Geoparque Terras de Cavaleiros tem para oferecer.
O Coordenador Científico do Geoparque Terras de Cavaleiros, Diamantino Pereira diz que todo o turismo movimentado à volta da geologia da região tem como objetivo não só de conservar a natureza, mas sim de contribuir para o seu desenvolvimento.
“Isto tem que ser feito com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento.
A visitação, o turismo, tem que ser realizado para criar emprego, para desenvolver a hotelaria, o artesanato e tudo isso.
Portanto, não temos em vista a conservação da natureza com a perspetiva de ser o nosso objetivo. Obviamente que vamos conservá-la. Mas vamos fazê-lo porque ela é fundamental para atrair turistas.
Se nós a destruirmos, daqui a uns tempos o turista vai estar desagradado porque vê as aves a desaparecer, as rochas a serem destruídas…
Conservamos com o objetivo do desenvolvimento.”
O perfil do turista está a alterar-se, e abre-se oportunidade agora para um nicho que procura não só o turismo de natureza dito normal, mas o que vêm para aprender mais sobre a geologia local.
É esse turista que o Geoparque pretende abarcar e trazer para a região nordestina, mesmo sabendo que o caminho ainda é longo.
“Podemos atrair turistas comuns, que vêm mais pelo lazer, pela caminhada, por aquilo que é o turismo de natureza normal. Vêm observar as borboletas, os pássaros, a fauna e a flora.
Ou então aqueles que anseiam por mais, e são cada mais. É o tal nicho do geoturismo.
São aqueles que querem aprender e que querem, durante estes passeios, através de desdobráveis, de QR Codes, de livros fornecidos por nós, e conseguem olhar para uma rocha, e perceber que é fantástica, que representa o ambiente de um fundo oceânico, que tem 420 milhões de anos, que estava a 150km de distância do sítio onde está hoje , e uma série de coisas que podem ser vistas.
Essa é uma aposta difícil. Mas é aposta de Macedo de Cavaleiros.”
Uma altura em que se aguarda por uma visita da Rede Europeia, Diamantino Pereira aproveita para enfatizar que o Geoparque de Cavaleiros tem tudo para ser reconhecido pela UNESCO, e explica porquê.
“Nós queremos diferencial o Geoparque porque temos todas as condições para sê-lo.
Os outros podem ser outras coisas. Têm condições para ser outras coisas, com enorme valor. Mas Geoparque é Terras de Cavaleiros.
Temos a base que é fundamental para constituir um Geoparque. Temos um património geológico fantástico na perspetiva científica. Daqui saíram contributos importantes para conhecer a evolução do planeta Terra. Olhando para as rochas, medindo, colhendo, analisando, estudando.
Temos ruralidade, que é uma coisa fantástica. Cada vez mais os públicos urbanos procuram ruralidade. Procuram, obviamente, um turismo cultural, visitam o Porto, Lisboa, Londres ou Paris para isso.
Mas há outro tipo de turismo cultural, que é o cultural-científico, que não se obtém na cidade, mas em zonas como esta.”
Um turismo diferenciado para a cultura e o conhecimento das preciosidades geológicas das Terras de Cavaleiro. É neste o nicho que o Geoparque Terras de Cavaleiros quer apostar, para dar mostrar a região.
Escrito por ONDA LIVRE