Existe uma carência de financiamento para com os hospitais do distrito de Bragança o que acarreta consequências negativas na capacidade de resposta.
A constatação é do Bastonário da Ordem dos Médicos que passou hoje por Macedo de Cavaleiros.
José Manuel Silva visitou o Centro de Saúde e o Hospital e apurou duas categóricas fragilidades do interior do país, as quais transmitiu aos jornalistas.
A distância com que se deparam os utentes da região para chegar aos hospitais centrais e a existência de um subfinanciamento para com as três unidades hospitalares do distrito de Bragança.
“Viemos confirmar duas situações muito importantes. As distâncias no distrito de Bragança continuam a pesar muito prejudicar negativamente os doentes, que têm que percorrer grandes distâncias para acederam aos cuidados de saúde. E, por outro lado, o financiamento está a introduzir enviesamentos na produção médica do Serviço Nacional de Saúde porque há neste momento atos médicos, nomeadamente cirúrgicos, que estão subfinanciados.
Está a assistir-se a uma verdadeira desnatação de atos médicos. Porque o financiamento hospitalar, da saúde, não do Serviço Nacional de Saúde, mas sim do feito por ato, através de valores médios e linhas de produção, está completamente desadequado.
Os hospitais são subfinanciados, e isso está a ter influência na sua capacidade de resposta.”
José Manuel Silva assegura que há uma necessidade premente de investir no interior do país e pede medidas de discriminação positiva.
E dá como exemplo o recente caso do jovem de Chaves que fez 400 quilómetros e só encontrou vaga em hospital de Lisboa e que evidencia a imprescindibilidade de manter o helicóptero do INEM em Macedo de Cavaleiros.
“O exemplo de Chaves ilustra bem que não se pode desinvestir mais na saúde no interior do país.
Se continuamos a desinvestir do interior do país, continuaremos a contribuir para a sua desertificação.
Corremos até um risco, que é o de estarmos a formar médicos a mais em Portugal, e faltarem médicos no interior, porque constitui-se com menos atrativo para a fixação de profissionais.
O interior do país tem que ter medidas de discriminação positiva, não negativa.
Não se podem afastar mais os recursos, nomeadamente médicos, no distrito de Bragança, onde as distâncias são enormes. Os meios e a quantidade de transportes não estão adequados às necessidades da população. Não se pode afastar os recursos.
O apelo que a Ordem dos Médicos deixa é que haja respeito para com os habitantes de Bragança.
Obviamente que o helicóptero faz falta. Neste caso, não havia condições climatéricas para o helicóptero proceder ao transposto.
Mas esta situação demonstrou a importância de manter o helicóptero.”
Palavras do Bastonário da Ordem dos Médicos, em Macedo de Cavaleiros.
Esta passagem marca o início de uma visita de dois dias ao distrito de Bragança e que é também o arranque de uma iniciativa da Ordem dos Médicos que vai percorrer o país para recolher testemunhos do estado da Saúde e elaborar um relatório para entregar ao Governo.
Escrito por ONDA LIVRE