Foi de uma conversa de forma aberta que se fez o assinalar do Dia Mundial da Luta Contra o Cancro.
O Centro Cultural foi o local escolhido pela ULS do Nordeste, em parceira com a Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros, para receber uma sessão de esclarecimento sobre esta doença, intitulada “Cancro: Sim, podemos prevenir”, que é responsável por milhões de óbitos anualmente.
Fernanda Estevinho, médica oncologista da ULS Nordeste, aponta a prevenção como o melhor caminho para reduzir os números de mortalidade.
“Aquilo que temos visto é que a doença oncológica é muito frequente e causa uma elevada mortalidade. Já de 8 milhões em 2012.
Se não forem tomadas atitudes, como as que já vimos a ter, como apostar na prevenção, falar mais da doença oncológica, no diagnóstico precoce, aquilo que iremos ver nos próximos anos vai ser o continuar do aumento da frequência, da mortalidade e o diagnóstico em fases tardias.
Podemos, com algumas estratégias simples, começando por alertar a população para as atitudes de prevenção e de rastreio precoce, conseguir diminuir um bocadinho e a frequência do diagnóstico, conseguir puxá-lo para fases em que o tratamento é mais fácil e tem melhores resultados.
A presença de um nódulo, uma ferida que não cicatriza, devem ser logo sinais de alarme para recorrer ao médico.”
A especialidade de oncologia foi há pouco tempo distinguida pela sua qualidade.
A médica oncologista conta que os pacientes têm demonstrado o seu contentamento, sobretudo pelo facto de não terem que se deslocar para fora da sua área de residência. Relembrou também que é uma doença vivida por toda a família.
“Penso que até ao momento os doentes têm demonstrado contentamento, sobretudo no aspeto de diminuir as deslocações, o que acaba por lhes permitir menos custos, maior conforto no tratamento, e, por outro lado, proximidade dos familiares.
É uma doença, sem dúvida alguma, familiar.
Tivemos aqui uma paciente que falou em relação às filhas.”
Na plateia estiveram algumas pessoas que já passaram pelo departamento oncológico, e que partilharam a sua experiência no papel de pacientes.
Falam de uma estigmatização e de um certo pudor social em se falar abertamente sobre o cancro.
“São bastante esclarecedoras.
As pessoas saem daqui bem mais ricas, com conhecimentos daquilo que se falou.
Apostar na prevenção, é, de facto, pode onde devemos começar.
Ficamos com um estigma. Há pessoas que olham para nós de outra forma. Por isso é que muita gente tem complexo de falar sobre isso, e até escondem.
Eu não, não tenho complexo. Até porque isso pode acontecer a todos nós.”
“Se escondermos e tivermos medo de falar na doença, é capaz de ser tarde quando tivermos que enfrentar ou viver a realidade.
Uma primeira reação das pessoas é olhar para nós como se já estivéssemos mortos.
Cabe a nós desmentir, porque não morremos, e somos mais felizes porque estivemos perto de uma coisa que podia ter sido muito má. Mas voltámos para frente e aproveitamos a vida.”
Em representação da delegação de Bragança da Liga Portuguesa Contra o Cancro veio António Machado.
Também ele reforçou que é primordial falar com a população, para que reconheçam a prevenção como forma de travar a doença a tempo.
“Eu acho que é essencial a prevenção, e também a moralização das pessoas e das famílias para a possam enfrentar doença.
É uma doença sobre a qual as pessoas têm que conversar. Não se podem inibir, nem virar as costas a um problema que é grave, mas que, com prevenção e com o apoio das famílias pode ser ultrapassada esta doença que tanto tem afetado as pessoas.
Eu acho que passa muito ao lado da população.
As pessoas ainda têm receio de falar destas doenças.”
Deixar a população mais alerta para a prevenção da doença oncológica e aprender a identificar os primeiros sinais de preocupação – foi este o objetivo da sessão de esclarecimento “Cancro: Sim, podemos prevenir”, que aconteceu no Centro Cultural.
Uma iniciativa da ULS Nordeste em conjunto com a Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros.
Dia 8 deste mês pode fazer o rastreio do cancro da cavidade oral, no Centro de Saúde Santa Maria, em Bragança.
Escrito por ONDA LIVRE