Uma família de Mirandela luta, há onze anos, na barra dos tribunais, por justiça para o seu filho, que nasceu com multi deficiência profunda, paralisia cerebral e uma incapacidade de 95 por cento.
O tribunal já condenou a obstetra pelo crime de recusa de médico, há mais de três anos, mas o pedido de indemnização ainda está por resolver e os pais vão tendo cada vez mais dificuldade em suportar todas as despesas já que os apoiso sociais são escassos.
Hoje, o Gonçalo faz 11 anos e a família faz questão de comemorar o aniversário de um lutador e celebrar a vitória da vida.
Com onze anos, o Gonçalo não anda, não fala, alimenta-se por gastrostomia (sonda no estômago), é completamente dependente nas atividades de vida diária e nas deslocações de cadeira de rodas. A mãe, Isabel Bragada, é responsável pelos cuidados noturnos do Gonçalo que passam pela aspiração de secreções, oxigenioterapia e ventilação.
Têm procurado por todos os meios responsabilizar a médica obstetra pelas lesões irreversíveis, mas até agora apenas ganharam uma batalha judicial, sem resultados práticos. Em Setembro de 2010, o tribunal de Mirandela condenou a obstetra a três anos de prisão, com pena suspensa, por considerar que ficou provado o crime de recusa de médico agravado pelo resultado que foi a ofensa à integridade física grave. Perante o acórdão, avançaram com uma nova ação no tribunal administrativo para pedir uma indemnização pelos danos causados, mas até ao momento continuam a ser os únicos a suportar todas as despesas. Isabel Bragada considera lamentável esta morosidade da justiça.
São onze anos de muitos encargos financeiros, para além dos danos emocionais que não são quantificáveis, afirma Isabel que não esconde a desilusão e o cansaço de esperar por justiça. No entanto, garante que a determinação continua a ser grande e promete que não vai desisitir de assegurar melhores condições de vida para o Gonçalo.
Outra preocupação dos pais de Gonçalo passa pela adaptação das ajudas técnicas ao tamanho e peso actual, já que com a passagem dos anos, o material vai ficando inadaptado à sua situação física. O problema é que o investimento necessário ronda os 30 mil euros, impossível de suportar pelos pais.
Na passagem de mais um aniversário, os pais fazem questão de continuar a comemorar a persistência e a luta pela vida do Gonçalo.
Os pais do Gonçalo tiveram de contratar uma pessoa, que está com ele cinco horas por dia. O resto do tempo que não estão com o filho fica na Unidade Especializada de Apoio a Alunos com Multideficiência e Surdo-Cegueira Congénita, em Carvalhais.
Onze anos de luta pela vida. O Gonçalo e a família ainda esperam por justiça.