Entrudo Chocalheiro cada vez melhor

O Entrudo Chocalheiro chegou ontem ao fim em Podence, concelho de Macedo de Cavaleiros.

Mais um ano cumpriu-se a tradição, e terça-feira de Carnaval foi dia de queimar o mega careto, obra da AJAM (Associação Juvenil de Artistas Macedenses), ao som de gaitas de foles e dos chocados dos caretos.

Uma festividade cada vez com mais destaque, que António Carneiro, presidente da Associação Grupo de Caretos de Podence disse ter este ano superado todas as expetativas.

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“De facto, excedeu todas as expetativas.

O balanço é muito positivo.

Posso dizer que é o maior evento que nós tivemos aqui em Podence, em termos de número de visitantes.

Domingo, casa cheia completamente, ontem idem aspas e hoje, apesar do frio, é o que se vê.

Muita gente, de todo o lado, de norte a sul do país, da vizinha Espanha, para visitar e para ver estas figuras enigmáticas do nordeste transmontano.”

Este Entrudo Chocalheiro faz já parte do roteiro turístico da região.

António Carneiro frisou esse ponto, num ano em que mais de 8 mil pessoas rumaram a Podence.

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“Hoje o Entrudo Chocalheiro é um cartaz turísticos do nordeste transmontano.

E vamos continuar a trabalhar para que de ano para ano as coisas sejam melhoras a todos os níveis.

Talvez mais do que essas 8 mil nos três dias do evento. Como acabei de referir, os três dias foram uma enchente. Não estávamos a contar com tanta gente. É difícil também contabilizar, mas penso que ultrapassámos essa barreira a que nos tínhamos proposto.”

As gerações vindouras prometem não deixar morrer este Entrudo Chocalheiro.

Os jovens, mesmo que não residentes em Podence no restante ano, têm consigo a vontade de continuar a viver as raízes chocalheiras, como é o caso de Luís Dias.

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“Eu moro em Macedo, mas sou descendente de uma família aqui de Podence.

É uma tradição que atrai todas as pessoas, ninguém fica indiferente.

As pessoas do concelho de Macedo não podem ficar indiferentes a Podence e as suas caretos.

As pessoas que têm raízes aqui em Podence, essas têm que vestir, têm que continuar a tradução, porque sem elas a tradição termina e não podemos deixá-la acabar.

Todos os anos temos que fazer um pouco mais e um pouco melhor.”

Os visitantes não vieram só do nordeste.

Da capital chegam muito turistas, que se renderam ao encanto de Podence.

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“Não, já é o quarto ano.

Acho que é o manter das tradições ancestrais. Este ano vejo muitos mais caretos do que nos anos anteriores, portanto a divulgação também tem feito o seu papel, e acho que devemos acarinhar o carnaval bem português.” – Isabel Santos, socióloga vinda de Lisboa, e que já realizou estudos sobre o entrudo de Podence, continua a voltar ano após ano.

“Segundo dizem, a tradição já não é o que era. Mas aqui pelo menos mantem-se.

Viva ao afastamento das grandes urbes, que não é contaminado pelas brasileiradas.” – Vítor Pereira destaca a festa genuína que se vive em Podence.

“É um contraponto àquele carnaval mais abrasileirado.

É um carnaval mais baseado nas nossas tradições populares, e acho que é muito bom.

Nós vimos de Lisboa” – é a opinião de outro visitante lisboeta.

“É a segunda vez.

Também já fui muito chocalhada.

Acho que é uma tradição muito antiga e que se deve manter, porque é nossa, é única.

É diferente.” – Paula Afonso não se deixou intimidar pelos chocalhos, e diz gostar da tradição.

A venda de produtos regionais acompanhou os três dias de festa em Podence.

Saldo positivo também para eles, na sua maioria filhos da terra.

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“Ginjinha, tradicional, feita em casa.

As pessoas provam, e voltam, portanto é porque o cliente se sente satisfeito, porque voltou.

Sou daqui de Podence. Parece-me que há muita gente de fora, e principalmente de fora do concelho.” – Maria José Carneiro vende ginjinha tradicional há quatro anos, e fez um balanço positivo.

“Sim, sou de Podence.

As vendas correram mais ou menos bem.

Muitíssima gente de fora.” – José da Pala, que vendeu licores e máscaras tradicionais, diz ter achado que muitos dos visitantes não pertenciam à região.

Chegou ao fim, em Podence, mais um Entrudo Chocalheiro.

Este ano, repleto de novidades, com a prova de BTT Trilhos do Careto, e a festa noturna para os jovens, a Kareto Party.

Cada vez mais forte, promete ser cada vez mais um ex-libris da região transmontana e levar o nome da aldeia de Podence mais longe.

Escrito por ONDA LIVRE