O Geoparque Terras de Cavaleiros recebeu esta madrugada a classificação oficial da UNESCO.
O anúncio foi feito no Canadá, em Saint John, concretamente no Geoparque de Stonehammer, onde desde sexta-feira 30 países se encontravam reunidos em volta de temáticas relacionadas com os geoparques.
Duarte Moreno comunicou a decisão da UNESCO por volta das 2 horas desta madrugada, hora portuguesa.
Concedeu a primeira entrevista à Onda Livre, via telefone, para ouvir, aqui.
Duarte Moreno (DM) – Esta classificação é o melhor que pode acontecer para o concelho de Macedo de Cavaleiros e para os munícipes ou seja para toda a população.
Nós estamos aqui, no meio de 100 geoparques, de 30 países, e vemos um concelho do nordeste transmontano, classificado como tendo pouca densidade populacional, ser classificado pela UNESCO como um parceiro da Rede Global de Geoparques.
Em termos económicos pode significar muito, e nós vamos trabalhar afincadamente para o desenvolvimento do nosso território. Quero aqui deixar também uma palavra de apreço ao meu antecessor e colega, Beraldino Pinto, pelo trabalho que desenvolveu até aqui, para podermos pertencer hoje a este mundo fantástico, inseridos nesta Rede global da UNESCO.
O trabalho não terminou não é com esta entrada na rede que termina o trabalho. O trabalho começou agora. Não é só a Associação de Geoparques Terra de Cavaleiros e a Câmara Municipal que vão ter de trabalhar. Todos vamos ter de o fazer, e muito, para nos mantermos esta classificação.
É importantíssimo e estou deveras feliz por estar num acontecimento que é mundial. Estamos na 6ª Conferência Internacional de Geoparques, e é um orgulho enorme sentir-me macedense aqui no outro lado do mundo.
O Geoparque é aspirante há dois anos. Estes congressos fazem-se de dois em dois anos. Fez-se em 2012, houve uma entrada de um geoparque em 2013, mas por inerência digamos. Agora só volta a haver Congresso de Geoparques mundial em 2016. Portanto, foi a primeira vez que tentamos, candidatamo-nos em setembro de 2013. Submetemos a candidatura para a Rede Europeia, em junho tivemos no território dois avaliadores, e em setembro temos o prémio – a entrada para a Rede Europeia e também Global de Geoparques.
Pertencemos agora a uma rede que são 111 Geoparques em todo o mundo o que significa uma grande vitória para Macedo de Cavaleiros. Somos o 4º a nível nacional, uma grande vitória para um território tão pequeno como é a nossa região.
Onda Livre (OL) – Dizia-me há pouco que o trabalho ainda não terminou, aliás, pelo contrário, só agora começou, para conseguir manter a classificação e para conseguir cumprir os requisitos da UNESCO.
É de relembrar que um Geoparque não é só um sítio com interesse geológico ou arqueológico, é muito mais que isso e visa o desenvolvimento também do local onde se insere. Aqui está o motor para que a região continue a crescer e que o setor do turismo continue a desenvolver-se fortemente.
DM –É verdade aquilo que disse. Nós temos alguns geossítos com interesse e relevância internacional, mas não é só deles vivem os Geoparques. São muito mais que isso. São as pessoas, são as atividades tradicionais que desenvolvem, são os produtos endógenos é toda uma panóplia de situações que se vivem no nosso concelho que fazem parte do Geoparque.
O Geoparque são as pessoas, somos todos. Todos temos de trabalhar com o objetivo de termos um Geoparque a sério e trabalharmos para o futuro e para o desenvolvimento do concelho de Macedo de Cavaleiros.
OL – O que é que acha que mais pesou nesta decisão da UNESCO? O que é que acha que Macedo de Cavaleiros e o Geoparque Terras de Cavaleiros têm em especial para que mereça este selo da UNESCO?
DM- Estive estes dias a ouvir muitas apresentações aqui de outros Geoparques. Houve franceses e ingleses a fazerem referência ao aspirante Geoparque Terras de Cavaleiros, porque tinha geossítios de referência internacional. E toda a atividade desenvolvida no território era importante para fazer parte desta rede. Portanto, daí pesar tudo, não foi só uma determinada situação, mas sim toda a atividade desenvolvida no concelho de Macedo de Cavaleiros. Foi demonstrada aos auditores que estiveram connosco em junho do ano passado.
OL – Sentiu esse reconhecimento por parte das pessoas e outros países? Que as pessoas já reconhecem o Geoparque Terras de Cavaleiros, pelas suas especificidades?
DM – Sim, as pessoas já reconhecem, aqueles que são mais eruditos nessas matérias. Reconhecem através do nosso site a Associação de Geoparques Terras de Cavaleiros, identificam-nos como fazendo um ótimo trabalho, com todas as atividades desenvolvidas.
OL- Quais são os próximos passos, os mais imediatos, agora com este selo internacional da UNESCO, agora já não enquanto aspirantes mas sim Geoparque?
DM – Nós agora o que temos de fazer é que continuar a trabalhar. Trabalhar ainda com mais força. Quero também agradecer a todos os elementos de Geoparque, que trabalharam na Associação, o esforço que fizeram e a dedicação que deram a este projeto para que ele pudesse ser reconhecido pela UNESCO.
Os próximos passos são trabalhar, trabalhar, trabalhar.
OL – Este é o selo que faltava? A partir daqui tudo se vai alavancar com este selo? Era o que faltava para que o Geoparque pudesse continuar a crescer?
DM – Este é o chapéu, digamos assim, de todas as atividades que nós já temos. Já temos vários selos em Macedo de Cavaleiros, mas este é o chapéu que vai cobrir todos os outros.
Nós agora podemos usar este selo em todos os produtos endógenos do nosso território. Temos matéria para poderem trabalhar e usufruir económica e financeiramente de toda esta ação.
OL – A Albufeira do Azibo, certamente, uma vantagem, um bónus.
DM – Também ela com um selo, e pertencente às redes de Geoparques, e ao Geoparque Terras de Cavaleiros ainda mais.
O Geoparque Terras de Cavaleiros é o 4º a nível nacional. Junta-se a Arouca, Açores e o Naturtejo, Meseta Meridional.
O Geoparque Terras de Cavaleiros candidatou-se há um ano a este selo. Chega agora o reconhecimento da UNESCO, que carimba a entrada para a Rede Europeia e Global de Geoparques.
De relembrar que o território do Geoparque Terras de Cavaleiros encontra-se em pleno planalto transmontano, que engloba pontos de transição da Terra Fria planáltica para a Terra Quente do Tua e Douro Superior, e que por isso tem Invernos e Verões com características intermédias.
Quanto aos geossítios, são 42, que se juntam às tradições, à gastronomia, às paisagens e a tudo que a região tem para oferecer.
Veja aqui o vídeo promocional.
Escrito por ONDA LIVRE