As produções de castanha de Denominação de Origem Protegida da Terra Fria, no concelho de Vinhais e da Padrela, no concelho de Valpaços, sofreram quebras que rondam os 50 por cento, nos últimos 9 anos.
Esta é a conclusão de um estudo de três investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, e um investigador do Instituto Politécnico de Bragança que, com recurso a um drone, captaram imagens destas duas importantes zonas de produção de castanha, comparando-as com fotografias aéreas tiradas em 2006.
Luís Martins, investigador da UTAD explica que, apesar desta perda de castanheiros, devido sobretudo a doenças como o cancro e a tinta, há também um aumento das novas plantações nestas zonas.
“Tanto na zona de Vinhais, como na zona da Padrela, foram cerca de 50% de perdas.
Estamos a falar nos castanheiros que já estão em produção. Depois também verificámos que eles apesar dessas perdas mesmo assim há um grande interesse na cultura, há investimento e novas plantações.
Em Valpaços verificámos houve mais 20% de novas plantações, e em Vinhais até um pouco mais. O dilema é que, neste período, na área que nós exploramos o acréscimo foi de cerca de 29%.”
O investigador alerta para o facto de os agricultores estarem a plantar castanheiros nos mesmos terrenos onde se verificou a doença da tinta, o que pode originar a contaminação de mais árvores.
“Uma das formas que as pessoas adotam para minorar os prejuízos é fazer as plantações nos mesmos locais por exemplo perto zona onde existe tinta.
Muitas vezes, é difícil chegar a tempo, porque a doença da tinta é radicular. Se a árvore for plantada no mesmo local, há sempre o risco de haver outra vez infeções na planta nova. A doença está lá, no solo.
Luís Martins refere ainda que o excesso de mecanização da agricultura pode também contribuir para contaminar os castanheiros.
Outra das doenças que tem contribuído para o desaparecimento dos castanheiros é o cancro. Os autores deste estudo alertam também para a importância de desinfectar as ferramentas utilizadas na poda, de forma a evitar contaminações.
Relativamente ao fungo que este ano afectou as produções de castanha, nomeadamente na Serra da Padrela, Luís Martins sublinha que este foi um fenómeno sazonal devido às baixas temperaturas registadas no Verão, tendo provocado perdas de produção mas sem afectar as árvores.
A investigação levada a cabo pelos investigadores da UTAD e do IPB foi reconhecida no mês passado pelo grupo Portucel Soporcel como o melhor estudo do ano na área da Protecção contra pragas, doenças e infestantes na floresta.
Informação CIR (Rádio Brigantia)