Para atrair médicos para o interior não bastam as medidas de incentivo anunciadas recentemente pelo governo mas é necessário investir nestas zonas do país.
Esta é a opinião do Bastonário da Ordem dos Médicos, que passou ontem por Alfândega da Fé.
José Manuel Silva afirma que, enquanto não forem criadas condições atrativas para a população em geral, os médicos vão continuar a preferir emigrar do que deslocar-se para o interior. Isto porque “hoje em dia não se pode dizer se os médicos não se querem deslocalizar para o interior. Eles estão a ir para outros países da Europa. Não é um problema de deslocalização. Também viriam para o interior, se fosse atrativo. No ano passado saíram 387 médicos do país”, acrescenta José Manuel Silva, e diz que o interior “precisa de medidas e estímulos para inverter estas tendências.”
O bastonário da Ordem dos Médicos frisa que é necessário acabar com a política de encerramento de serviços para evitar a desertificação destas zonas e atrair não só médicos mas também profissionais de outras áreas. Aquilo que José Manuel Silva chama de “ciclo vicioso”, com o encerramento de escolas e serviços. Por isso é necessário deixar de encerrar serviços, e, pelo contrário, investir nestas regiões, para que “naturalmente”, os médicos e outros profissionais se possam fixar, acompanhadas de medidas de favorecimento.
O Governo quer dar aos médicos um incentivo de mil euros mensais para que se fixem nas zonas do interior do país, onde há falta de médicos, somam-se ainda compensações para despesas de deslocação e de transporte e outros benefícios. Medidas que José Manuel Silva vê com bons olhos mas que considera insuficientes.
A falta de médicos é sentida particularmente em Alfândega da Fé. A presidente do Município, Berta Nunes, tem vindo a alertar para os constrangimentos causados no Centro de Saúde, que lamenta que ainda não tenha sido resolvidos. A autarca frisa que Alfândega da Fé nunca esteve tão mal em termos de médicos como nos últimos tempos. Para tentar colmatar esta situação, há médicos que se deslocam esporadicamente, “por algumas horas”, de outros centros de saúde e os próprios bombeiros acabam por prestar cuidados de saúde aos utentes, “excedendo até as suas competências”. Relata a autarca que em algumas situações há utentes levados pelos bombeiros sem sequer terem sido visto por um profissional de saúde, algo que “nunca tinha acontecido no Centro de Saúde de Alfândega da Fé”. “Dois ou três médicos novos” já poderiam dar uma grande ajuda, garante Berta Nunes.
A falta de médicos no interior a preocupar o bastonário da ordem dos médicos e o Município de Alfândega da Fé.
Informação CIR (Rádio Brigantia)