Lagar de azeite de Lavandeira recuperado e aberto ao público

O antigo lagar de azeite de Lavandeira, em Carrazeda de Ansiães, foi inaugurando no sábado, após obras de recuperação que o transformaram num museu que vai perpetuar a memória da olivicultura no concelho.

Este espaço é o primeiro núcleo do Museu da Memória Rural que a Câmara Municipal criou na aldeia de Vilarinho da Castanheira, onde já estão em destaque algumas práticas agrícolas e ofícios tradicionais.

Pretende continuar a recolher tradições e saberes concelhios e regionais que estão a cair em desuso, como salienta o presidente do Município, José Luís Correia.

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“A nossa intenção principal é preservar toda esta memória do mundo rural pois se não o fizermos as próximas gerações não têm conhecimento de como se vivia em algumas dezenas ou centenas de anos atrás e é a nossa obrigação transmitirmos-lhe toda esta herança que nós tivemos.”

O presidente da União de Freguesias de Lavandeia, Selores e Beira Grande, Manuel Aníbal Meireles, diz que o objetivo do Museu do Azeite da Lavadeira também é atrair turistas.

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“O objetivo foi recuperar uma casa que estava em ruínas, com o propósito de trazer turistas, escolas, dando assim a conhecer como antigamente se elaborava o azeite.”

Renato Lopes conta agora as suas memórias deste lagar, que deixou de funcionar há várias dezenas de anos.

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“Quando tinha 8,9 anos eu e os rapazes da minha idade, como os invernos eram mais frios do que são hoje e como o ambiente aqui dentro do lagar era mais quente e como gostávamos de andar atrás dos bois, até pedíamos a dona dos bois que nos deixasse andar atrás deles para eles fazerem rodar as rodas do moinho o que para nós era uma aventura e fui-me apercebendo como isto funcionava. As pessoas transportavam para aqui a azeitona, quando era a sua vez de fazer o azeite colocavam a azeitona na tulha pequena, quando chegava a vez de a azeitona ir lá para a pia é que chamam o farneiro esta era levada numas canastras, os bois andavam sempre a roda, o farneiro levava mais ou menos 700 quilos de azeitona demorava mais ou menos duas horas a moer, depois de estar moída em massa, normalmente uma mulher transportava-a numa gamela de lata para a prensa onde estavam dois homens a colocar as massas na prensa e ao mesmo tempo que era caldeada com agua a ferver que estava na fornalha sempre a ferver numa caldeira de cobre, depois era exprimida na prensa ia correndo a sangra e o azeite para o tesouro depois como o azeite subia corria para o segundo tesouro. O segundo tesouro só ficava com o azeite e a água russa ficava no primeiro tesouro que de quando em vez sangravam para correr para o inferno que é um tanque que está na parte exterior do lagar e que corre por gravidade para o tanque que chamam inferno e estava sempre ali um senhor com um púcaro grande de 2litros a tirar o azeite do segundo tesouro para o vasilhame e normalmente era um almude de 20 litros e depois as mulheres transportavam esse azeite na cabeça para as casas dos proprietários do azeite e deixavam a maquia que era 8 a 10%.”

O antigo lagar de azeite de Lavandeira, em Carrazeda de Ansiães, foi inaugurando no sábado, após obras de recuperação que o transformaram num museu que vai perpetuar a memória da olivicultura no concelho.

O investimento suportado pela Câmara e pela Junta de Freguesia rondou os 65 mil euros.

Informação CIR (Rádio Ansiães)