Diferença de preço entre ecopista e Linha do Tua reaberta de Mirandela a Bragança ronda os 3,1 milhões

Continuam a chegar opiniões sobre a ecopista que está a ser construída entre Mirandela, Macedo de Cavaleiros e Bragança.

Daniel Conde, antigo coordenador do Movimento Cívico pela Linha do Tua, e durante anos um dos rostos da luta pelo regresso do comboio à região, considera “infeliz o timing” em que esta obra é anunciada, uma vez que coincide com a reabertura ferroviária dos 37 quilómetros da linha que ainda estão em exploração, comprometendo uma possível continuação do traçado.

Mas, o mais grave para Daniel Conde é a diferença de 3,1 milhões de euros que separada a ecopista do regresso do caminho-de-ferro.

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Os autarcas disseram que vão candidatar o projeto ao Programa Valorizar, que, no máximo, garante um financiamento apenas de 400 mil euros. Ou seja, se custa 3 milhões, as câmara municipais ainda têm de desembolsar 2,6 milhões. Ora, se considerarmos (e já fiz as contas há várias anos, e já as apresentei algumas vezes) a reabertura da Linha do Tua entre Carvalhais e Bragança, também através de financiamento comunitário, caberia às autarquias pagar apenas 5,7 milhões de euros para reabrir a linha.

Ou seja, entre 2,6 milhões e 5,7 milhões, estamos aqui a dizer que por mais 3,1 milhões de euros estas autarquias conseguiriam reabrir a Linha do Tua até Bragança.

O ex-coordenador explica que o que exige às autarquias, como cidadão transmontano, é que sejam realizados estudos antes de embarcar numa solução que intitula de “chapa 5”.

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Eu não peço às autarquias que reabram elas a Linha do Tua.

O que peço enquanto cidadão transmontanos é que, pelo menos, façam um estudo, um projeto em que façam todos os cálculos, todas as perguntas. No final, que cheguem a uma conclusão: ou faz falta reabrir a linha, ou não.

Agora, dizer peremptoriamente, sem haver um estudo feito, um projeto feito com pés e cabeça, e atirarem-se em soluções ‘chapa 5’ como são estas ciclovias, onde é fazer por fazer, sem jeito nenhum. Fica o canal complemente despido, uma pista de terra batida, que vai dar a nenhures. Não tem interesse per si.

Na opinião de Daniel Conde, esta solução chega a assemelhar-se a uma “brincadeira de mau gosto” para com a população local que fica na mesma sem transporte público com esta solução.

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Temos que pensar na quantidade de localidade que há, não só ao longo da Linha do Tua mas em todo o território do nordeste transmontano, que não são servidas por qualquer serviço de transporte público fora do período escolar.

Parece que isto é tudo uma brincadeira, uma peta de Carnaval, para dizer a sexagenários e  septuagenários : ‘Pega na bicicleta, e sempre que quiser ir ao centro de saúde vai aqui pela ciclovia abaixo, e vai à sua vida’.

Em entrevista à Onda Livre, Daniel Conde disse ainda que considera estas construções não são incompatíveis com a linha férrea, lembrando que a mesma opinião foi partilhada pelo vereador do PS de Macedo de Cavaleiros, Rui Vaz.

Considera de igual modo que cerca de 40 mil euros por quilómetro (num total de 3 milhões destinados para os 70 quilómetros entre Mirandela e Bragança) ou não é um valor real, e a obra vai sair mais cara, ou não está a contemplar todo o património ferroviário envolvente, por julgar o orçamento muito baixo, até quando comparado com estruturas semelhantes ao longo do país, que em média têm rondado os 100 mil euros/quilómetro.

 

Escrito por ONDA LIVRE