A seca que este ano atinge 80 por cento do território nacional vai este ano afectar a produção de azeite. Os produtores estão preocupados com a quantidade que vai ser possível produzir, já que a azeitona não cresceu devido à falta de chuva.
Emanuel Batista, técnico da Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro – AOTAD, alerta que os problemas da seca podem prolongar-se para a colheita do próximo ano.
“Neste momento a produção está muito mal, muito mal. A azeitona não cresceu, está muito pequena e estamos a pôr em perigo a produção do ano seguinte porque não houve crescimentos, não houve diferenciação floral nas próprias oliveiras o que quer dizer que para o ano a floração vai ser reduzida e a colheita também. Mas a quantidade vai ser muito muito menor.”
A qualidade não deve no entanto ser afectada. Mas a quantidade está mesmo comprometida e mesmo que chova até à colheita já não ajudará a melhorar o calibre da azeitona.
“Eu não acredito porque a azeitona neste momento está a mudar de cor, automaticamente se vierem umas chuvas, ela vai engordar mas vai engordar a nível de água, não a nível de gordura/azeite. O que quer dizer que a produção vai ser reduzida.
A qualidade em princípio é boa, porque há muito pouca azeitona, vai haver muito pouco azeite mas a azeitona que está em cima das oliveiras está sã, não está com grandes problemas.”
Para evitar problema relacionados com a falta de água como o que este ano os agricultores enfrentam, o técnico da AOTAD defende que é fundamental apostar no regadio, que é ainda muito residual nos olivais da região.
“90% dos nossos olivais não têm sistema de rega. A situação que nós devíamos ter em atenção, quer a nível de Ministério da Agricultura quer a nível de Governo Central, criar bolsas de água para que no futuro não entrássemos num stress hídrico como estamos nesta altura no olival. Em princípio tinha que ser uma aposta estatal a nível de bolsas de água e depois fomentar o regadio cada um dos produtores; porque sem termos as bolsas de água o produtor não pode fazer o regadio porque não tem condições nem fundos de maneio suficientes.”
Devido ao tempo quente a maturação acontece este ano também mais cedo e prevê-se por isso que a apanha comece duas semanas antes do habitual, ainda antes do final deste mês Outubro.
INFORMAÇÃO CIR (Rádio Brigantia)