No início de Fevereiro deste ano, a Newsletter do site oficial do Município de Mirandela anunciava que a autarquia, liderada por António Branco, tinha chegado a acordo com a CP e com a Infraestruturas de
Portugal para adquirir a Estação da CP e regularizar os terrenos envolventes.
Aquele edifício emblemático da cidade estava num avançado estado de degradação, e tinha motivado, no Verão de 2016, a colocação de uma faixa, onde se podia ler “não me deixem cair”.
Com este anúncio, a autarquia adiantava que terminava “um longo e difícil processo negocial, devido à sobreposição de direitos de propriedade”.
Posteriormente, chegou mesmo a ser avançado que o negócio envolveria cerca de 850 mil euros. Nove meses depois, a nova presidente do Município, Júlia Rodrigues, revela que ficou surpreendida ao não encontrar qualquer documento sobre este processo
“Relativamente à estação da CP, não existe qualquer documento que evidencie a compra da estação de caminhos de ferro tal como foi anunciado por 850 mil euros pelo anterior presidente da câmara relativamente àquele edificio, o que muito nos surpreendeu e lamentamos ter sido publicada uma situação que nem sequer chegou a acontecer.”
Perante isto, Júlia Rodrigues conclui que António Branco não falou verdade sobre um dos temas mais badalados durante a campanha eleitoral – levando mesmo a autarca socialista a defender um investimento naquele imóvel, para o transformar numa casa da cultura e das artes – pelo que considera que se tratou de uma manobra política.
“Foi uma manobra política no sentido em que se projetou a estação, que é um edifício pelo qual todos os mirandelenses sentem um carinho especial e tinha sido uma situação muito contestada a de degradação a que chegou o imóvel.
Houve aqui uma manobra política de aproveitamento de uma “não verdade”, uma situação que nunca chegou a acontecer, não tendo existido também a transferência de pastas, apesar de eu ter tentado o contato com o ex-presidente da câmara no sentido de apurar determinados factos.
Lamentamos que, de facto, isto tenha sido publicado e não exista a verdade e a transparência necessárias a quem exerce os cargos.”
Como diz não ter obtido qualquer resposta do ex-autarca, Júlia Rodrigues revela que vai ter uma reunião no Ministério do Planeamento, para esclarecer esta situação que classifica de muito grave.
” Temos uma reunião na próxima quarta-feira no ministério do planeamento, para discutir assuntos quer em relação ao metro ligeiro de Mirandela que está numa situação financeira complicada, quer em relação à estação, sabendo que, tendo existido algum tipo de negociação, não existe qualquer documento comprovativo. Esta é uma das nossas preocupação e urgências dado o estado degradado do próprio edifício, pela circunstância de termos um projeto ambicioso para aquele espaço e dignificação de um património que é de todos os mirandelenses.”
Confrontado com este caso, António Branco respondeu por escrito, revelando que “o acordo existe” e que só aguardava que “a administração da CP mudasse para fazer o contrato promessa de
compra”.
O ex-autarca acrescenta que “todos os documentos estão prontos e que o secretário de Estado das Infra-estruturas deu o aval à compra, em Janeiro de 2017”, numa reunião que teve com o presidente da IP e
com um dos administradores anteriores da CP. A finalizar, António Branco reitera que “basta à atual autarca assinar o acordo com o atual presidente da administração da CP”.
INFORMAÇÃO CIR (Rádio Terra Quente FM)