O primeiro enfarte aconteceu durante na noite, no quartel dos bombeiros, onde estava de piquete.
Um “milagre” que lhe valeu a vida, confessa Manuel Lopes, o próprio.
“É verdade, se não fossem eles eu neste momento não estaria aqui a falar com vocês.
Nessa noite estava de piquete nos bombeiros e lembro-me de estar à mesa a conversar com os meus colegas quando começo a ficar com a visão turva e cai para o lado.
Depois lembro-me de acordar, e com eles em cima de mim apercebi-me logo do que estava a acontecer.
Falaram logo comigo e vi que tinha sofrido um enfarte do miocárdio.
A minha sorte foi estar no quartel de serviço, foi mesmo um milagre, pois se estivesse em casa ou em qualquer outro lugar talvez não tivesse sobrevivido.”
Já a caminho do hospital de Vila Real, é na viatura de socorro que Manuel Lopes sofre o segundo ataque.
“Voltou-me a dar perto do alto do Pópulo, estava com os médicos do INEM na VMER e a equipa que me socorreu e acompanhou durante a semana em que estive internado no Hospital de Vila Real foi fantástica.
Quando aconteceu a segunda vez eu estava consciente a falar com a médica e com a enfermeira e adormeci, mas disso não me recordo. Depois lembro-me de acordar e eles tentarem-me alertar que teria tido um segundo enfarte, recebi mais um choque de reanimação.
Não me lembro a 100% de tudo mas tenho mais dificuldade em recordar a primeira vez que me deu o ataque, até ao transporte na ambulância que me veio buscar. Foi tudo muito confuso.”
O sucedido aconteceu na noite de 22 para 23 de setembro.
O bombeiro de 42 anos não esquece a ajuda do desfibrilhador, um aparelho que aplica descargas eléctricas no corpo fazendo com que o sangue voltar a circular nas zonas afetas, diminuindo o perigo de morte.
Um dispositivo que Manuel Lopes considera que deveria existir em maior número nas corporações.
“Estes aparelhos aumentam a hipótese de sobreviver em de 7% a 12% a cada minuto que passa, sensivelmente.
Nós temos o nosso que, a mim, parece-me pouco pois eu tive a sorte que o aparelho estivesse ali, ujma vez que costuma estar na ambulância. Caso não estivesse não o teriam usado e nem teria tido o efeito que teve.
Acho que deveríamos ter, no mínimo, dois aparelhos destes nos quarteis, um na viatura do INEM e outro sempre no quartel no caso de ser necessário usar.
Um dispositivo a custar 3500€ não me parece excessivo se puder salvar uma vida humana.”
Um episódio dramático mas que acabou bem para Manuel Lopes, bombeiro de Alfândega da Fé.
Escrito por ONDA LIVRE