95 % dos acidentes rodoviários continuam a ser provocados por comportamentos humanos, num universo onde apenas 5 % se devem a falhas mecânicas.
Dados que poderiam ser alterados com o alargamento dos testes psicotécnicos a mais alunos, como defende o psicólogo Acácio Espírito Santo.
“Deveríamos generalizar a avaliação psicológica a condutores que vão tirar a carta de condução e a todos aqueles que eventualmente tenham no seu historial algumas condições que alertem para alguma perturbação do seu próprio comportamento ou até da própria personalidade e condutores que são muito reincidentes em infrações graves ou muito graves se calhar deveríamos pensar numa maneira de serem sujeitos a uma avaliação psicológica e rigorosa porque quando se avalia funções como a atenção, concentração, capacidade de resposta multi-tarefa, são condições neuropsicológicas extremamente importantes para tudo o que fazemos na vida, não só para conduzir. É extremamente importante que se generalize essa avaliação a todas aquelas pessoas que queiram ter uma carta de condução seja de motociclo seja de automóvel e não só para condutores profissionais ou condutores do grupo II ou de veículos pesados.”
O psicólogo considera ainda que a educação rodoviária deveria ser introduzida nas escolas desde cedo.
“Nós não temos nenhuma em boa verdade mas deveríamos iniciá-la. Desde logo no primeiro ciclo do ensino básica e continuá-la ao longo do tempo até os jovens poderem obter o título que lhes permita exercer uma conduta e um comportamento onde se obtém, naturalmente, prazer e utilidade mas que é sem dúvida de grande responsabilidade e portanto se não tivermos essa educação prévia provavelmente não conseguimos dirigir esse número de acidentes.”
A sensibilização dos condutores para os cuidados a ter na estrada têm estado cada vez mais presentes no ensino da condução, como refere João Almeida, instrutor de condução.
“Eu penso que os condutores têm que ser sensibilizados cada vez mais e começar desde bem novos a sentir essa responsabilidade nos ombros para conduzirmos bem e melhor a cada dia que passa. O ensino do código da estrada e da condução automóvel tem nas últimas décadas sofrido elevadíssimas alterações nesse sentido. A sensibilização dos condutores começa precisamente na primeira aula de código e acaba na última aula de condução com o exame de condução.”
O instrutor que considera que há cada vez menos jovens a conduzir sob o efeito de álcool, porém, o número de casos continua a ser alarmante, revela.
“O álcool é realmente, ainda hoje, um dos principais e grandes fatores de propulsão para os acidentes rodoviários, penso que na camada jovem, na faixa etária mais nova dos nossos condutores essa percentagem tenha reduzido mas continuamos com uma elevada percentagem na meia idade.”
No distrito de Bragança, segundo dados do Comando Territorial da GNR, os acidentes rodoviários foram a causa da morte de 20 pessoas desde 2015, das quais 10 foram registadas já este ano.
De entre os motivos, o excesso de velocidade continua na liderança, seguido-se o excesso de álcool, distração, deficiência de percepção, mudanças de direção e encandeamento.
Escrito por ONDA LIVRE