Falta de qualidade dos castanheiros é entrave à produção de castanha na região

Trás-os-Montes é a principal região produtora de castanha, concentrado cerca de 85% da produção nacional. O crescimento tem encontrado, no entanto, um entrave: a falta de castanheiros pelo menos de boa qualidade. Quem o diz é José Laranjo, presidente da Refcast, a Associação Portuguesa da Castanha:

” Neste momento, há dificuldade em alimentar a fileira com castanheiros de qualidade. Isto constitui uma limitação até porque as pessoas, com ânsia de plantar, não fazem, por vezes,  as opções mais corretas em termos de plantação, chegando até a comprar castanheiros fora do país. Essa prática depois tem uma consequência de que muito se tem falado, que é a introdução da vespa de forma mais acelerada através dessas árvores importados.”

Dados avançados à margem do III Simpósio Nacional da Castanha, que começou esta quinta-feira no IPB, em que se ficou também a saber-se que nos últimos 10 anos, foram plantados em todo o país cerca de 10 mil hectares de novos soutos, o que significa um aumento de um terço em relação à área que existia há uma década.

Quanto à praga da vespa da galha, sabe-se que este ano foi detectada em 500 soutos do concelho de Vinhais. O insecto surgiu em maior número o ano passado e esta primavera foram feitas as primeiras largadas do parasita no distrito. Sabe-se agora que houve um aumento do número em relação a 2017, quando tinham sido detectadas cerca de 180 focos da vespa, como adiantou Albino Bento do Instituto Politécnico de Bragança e director do Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos:

“Em Vinhais fizemos 52 largadas e 6 em Bragança. É certo que os focos são muito superiores este ano, e só em Vinhais temos identificados mais de 500 soutos onde a praga está presente.

Portanto, teremos de fazer mais largadas do que as que foram feitas o ano passado, porém, esse é um trabalho que ainda não está concluído.”

Segundo Albino Bento, em Itália demorou sete anos a controlar a praga. Os resultados não são imediatos, mas os investigadores verificaram que nos locais em que houve largadas o parasitóide se estabeleceu:

“Vamos ter de acompanhar a praga. Consoante esta for progredindo e invadindo novos soutos, nós vamos monitorizando e ajudando com largadas consecutivas. Nos próximos anos, as largadas serão feitas em maiores quantidades.

A partir do momento que a praga se estabelece num local, se não forem feitas práticas culturais adequadas, ela nunca mais sai do local, crescendo exponencialmente.”

O III Simpósio Nacional da Castanha decorre ao longo de três dias, durante os quais são apresentadas 33 comunicações, sobre vários a vespa das galhas do castanheiro, e outras pragas e doenças, a propagação do castanheiro, o sequestro de carbono, e o sector agro-industrial.

INFORMAÇÃO CIR (Rádio Brigantia)