Foi criado o primeiro departamento de intervenção ao autismo do distrito de Bragança

Foi criado o primeiro departamento de intervenção ao autismo do distrito de Bragança

O distrito de Bragança já dispõe de uma entidade especializada em trabalhar de forma exclusiva o autismo.

Sediada em Macedo de Cavaleiros, o DIPEA – Departamento de Intervenção na Perturbação do Espectro do Autismo pretende dar apoio a crianças e adultos que atravessem este transtorno neurológico e pode ser o ponto de partida para a criação de uma entidade oficial que sirva o distrito nesta questão.

Foi fundado pela Associação de Pais e por Charlotte Coelho, psicóloga com formação especializada em autismo, ela que explica as razões deste novo projeto:

“Em termos de pertinência do projeto, convém considerar que segundo a Organização Mundial da Saúde, a perturbação do espectro do autismo atinge 1 em cerca de 160 indivíduos no mundo inteiro, o que torna o autismo como uma questão de alta prevalência mundial e que merece cada vez a atenção por parte da comunidade. 

Tendo em conta a falta de recursos que existe no distrito de Bragança em termos de identidades especificamente direcionadas e de forma especializada para esta situação, considerei que era de toda a pertinência para a comunidade, em conjunto com a Associação de Pais, abrirmos um departamento especificamente voltado para a intervenção destes casos.

Estamos a falar de crianças, jovens e adultos de todo o distrito de Bragança, o único distrito que não dispõe de nenhuma identidade que trabalhe de forma exclusiva o autismo à excepção da Unidade de Autismo de Vinhais embora em âmbitos diferentes.”

 

Além do apoio à população, o objetivo do departamento é dar respostas específicas a cada caso de forma a melhorar a qualidade de vida e a inserção na sociedade:

“Este departamento foca-se principalmente em tudo que tenha a ver com a psicologia, no entanto, num espectro alastrado. Não há só a consulta individual, falamos também de orientação parental, aconselhamento os agentes educativos que diariamente lidam com esta população. Falamos também de formação profissional, intervenções psico-educativas, apoio a nível socio-profissional, treino de habilidades sociais. Em suma, valências que possam corresponder ao desenvolvimento de autonomia e promoção da qualidade de vida. 
É natural que tenhamos indivíduos que partilham do mesmo diagnóstico mas que vão ter desafios muito diferentes, e por isso é que as instituições que funcionam no distrito, não dispõem de recursos específicos para esta população.”

 

Para já, o projeto não tem qualquer apoio financeiro, mas para o futuro esta é uma realidade que a fundadora espera ver alterada:

“Por enquanto não temos acesso a qualquer tipo de financiamento, quer a nível local, regional ou do Estado Português, apenas o valor fornecido pelas famílias, que está dentro de um prisma social.
O nosso objetivo a curto e médio prazo será obter apoios que nos possam auxiliar a proporcionar serviços mais alastrados, multidisciplinares e que tenham o menor custo para estas famílias. Temos em consideração que há mais cuidados além da psicologia, como pedo-psiquiatria ou terapia da fala que são também necessários e significam um encargo financeiro maior.” 

 

Atualmente, o DIPEA ajuda dez famílias dos concelhos de Macedo de Cavaleiros e Bragança, mas a questão da deslocação é ainda um problema.

O departamento está localizado nas instalações da Associação de Pais de Macedo, com sede no Bairro de São Francisco.

 

Escrito por ONDA LIVRE 

Relacionados