“Xylella Fastidiosa”, a bactéria que pode vir a ser o maior problema fitossanitário da Europa

É uma ameaça silenciosa que pode vir a ser o maior problema fitossanitário da Europa. Trata-se da bactéria “Xylella Fastidiosa” que afeta as culturas agrícolas e espécies florestais de grande importância económica, como por exemplo, o olival, o amendoal e a vinha e que obriga ao corte de toda a vegetação num raio de 100 metros.

O presidente da APPITAD, Associação dos Produtores em Proteção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro, Francisco Pavão, alerta para a necessidade dos agricultores e das entidades competentes estarem atentos.

“Acompanhamos atentamente a evolução desta situação. Os técnicos da associação já tiveram formação dada pelo ministério com quem estamos a trabalhar, juntamente com o IPB, no sentido de conseguirmos verificar se esta doença existe, e caso se confirme, participarmos de imediato e tomarmos as medidas necessárias.

Temos consciência que esta doença vai estar brevemente ativa em Portugal e, nos próximos anos, vamos ter de aprender a sobreviver com ela.

Alertamos sempre para a questão da importação de plantas sem passaporte fitossanitário e para todos os problemas que possam surgir.

Esta bactéria não ataca só a oliveira e os últimos casos registados em Espanha foram em amendeiras.”

Para já, só há um caso de Xylella fastidiosa conhecido em Portugal, detetado numa planta ornamental, em Vila Nova de Gaia.

A Xylella é uma bactéria disseminada por insetos e tem uma ampla gama de hospedeiros – estima-se que sejam mais de 300 espécies – e que causa danos graves em oliveiras, videiras, amendoeiras, entre outras plantas, incluindo ornamentais.

Os sintomas encontrados nas plantas variam conforme o hospedeiro, mas geralmente estão associados ao stress hídrico como a murchidão, queimaduras ou até morte da planta.

A presença da Xylella Fastidiosa faz com que os ramos e galhos da árvore infetada sequem, causando, ainda, queimaduras na folhagem. Contudo, muitas plantas podem até não apresentar sintomas de infeção.

Apareceu pela primeira vez na Europa, em 2013, na região da Apúlia, em Itália. Afetou várias oliveiras e amendoeiras numa vasta área.

Em 2015 foi detetada em França e mais recentemente, em Espanha. Agora chegou a Portugal, apareceu numa exploração agrícola de Vila Nova de Gaia, numa planta ornamental.

Como não há ainda tratamento para esta bactéria altamente destruidora, a única forma de parar a evolução da doença é o abate das árvores infetadas, ou evitar a contaminação através do diagnóstico precoce.

Carla Alves, diretora regional de agricultura e pescas do Norte, revela que estão a ser desencadeadas todas as ações recomendadas no programa nacional de prospeção da bactéria

“Infelizmente, já foi detectada em alguns países da Europa aqui vizinhos. A bactéria prejudica a produção e o olival é um dos hospedeiros e, como tal,  vir a ser afetado.

Importa esclarecer os produtores de que a bactéria é perigosa se for transmitida às suas plantas e ao olival.

Em Portugal ainda não foi detetada em nenhum espécie de produção e isso é que é importante. Foi apenas encontrada numa planta aromática, a lavandula, e para já, todo o trabalho que estamos a fazer à volta do foco de acordo com o programa de irradicação que temos em prática, sabemos que não temos mais nenhuma planta infetada que não seja a referida.

Já foram mortas e destruídas todas as plantas de lavandula, mas continuamos a fazer análises em 5km à volta do foco.”

Carla Alves diz que a situação está controlada, mas admite que é preciso que os agricultores continuem atentos

“O grande problema é que não existem fitofármacos e a doença é transmitida por insetos vetores que nesta altura não há pois surgem mais tarde na primavera. Como tal, queremos chegar à próxima estação como todo o trabalho feito para que consigamos erradicar, se possível, a bactéria no nosso país.

É óbvio que corremos o risco visto não existirem algumas fronteiras na Europa. Mas, tal como nós, também os outros países têm um plano aprovado pela comissão que estão a implementar e têm medidas restritivas. No comércio, por exemplo, todos os viveiristas naquela área dos 5km estão impedidos de vender as suas plantas hospedeiras para fora da área tampão.

Todas as medidas previstas estão a ser acauteladas mas temos de estar atentos.”

Para já, só há um caso de Xylella identificado em Portugal, mas as autoridades prometem ficar atentas, em particular, à importação de plantas sem passaporte fitossanitário.

Foto: EFSA – European Food Safety Authority

INFORMAÇÃO CIR (Terra Quente FM)