Em seis anos perderam-se quase 19 mil pequenos ruminantes na região.
Em 2018, no distrito de Bragança, contaram-se quase 14 mil ovinos a menos, comparativamente a 2012. O decréscimo também se registou nos caprinos sendo que, em 2018, havia quase cinco mil a menos. Estes dados, que são registos de declarações, efectuados no Sistema Nacional de Informação e Registo Animal, revelam que tem havido um relativo decréscimo e, para alguns produtores do concelho, a situação deve-se, sobretudo, à falta de apoios e à fraca rentabilidade, dizem:
“Já tive mais uma agora são cada vez menos porque as ajudas são poucas, os pequenos agricultores cada vez lhe tiram mais ajudas e, como tal, não dá.”
“O principal é arranjar comida para lhes dar mas dá para sobreviver.”
“Os brincos, as vacinas, as vistorias são caros e temos de pagar tudo. A despesa é grande e o lucro é pouco. É tudo caro e é preciso pagar um balúrdio.”
“Isto não compensa mas não havendo mais nada tem de se fazer. Há vinte anos o cordeiro era ao mesmo preço. Agora o preço do gasóleo, dos adubos e das farinhas triplicaram.”
“As lã vendia-se mas agora também já ninguém a quer. Os cordeiros só se vendem bem no Natal e no mês de agosto, e tendo em conta o resto é melhor não os ter.”
Apesar dos dados, Carla Alves, directora regional de Agricultura e Pescas do Norte, defende que o decréscimo está relacionado com o envelhecimento da população e com o facto de não se conseguirem atrair jovens para o sector.
“Não são valores de grande decréscimo com tendência a estabilizar, o que tem também muito a ver com os apoios que são dados e que neste quadro comunitário se têm mantido.
É óbvio que há sempre algum decréscimo que se deve a fatores como o envelhecimento da população e a dificuldade de captar jovens agricultores para esta atividade.”
A secretária técnica da Associação Nacional de Raça Churra Galega Mirandesa, Andrea Cortinhas alega que a burocracia que há no sector o prejudica.
“Temos de apoiar muito o setor pecuário e a burocracia é cada vez maior. Estamos inseridos na União Europeia e as regras aplicam-se de uma forma geral a todos. De vez em quando é muito complicado conseguir conciliar tudo.”
O presidente da Associação Nacional de Caprinicultores da Raça Serrana, Arménio Vaz, garante que esta raça se tem conseguido manter mas afirma que os jovens não se interessam pela actividade.
“Não tem havido grande renovação porque a juventude, como é uma atividade muito difícil, não a abraçam.”
Já o secretário técnico da Associação Nacional dos Criadores da Raça Churra Galega Bragançana, Amândio Carloto, considera que as medidas agro-ambientais têm um papel fundamental para a manutenção e crescimento do efectivo.
“O último ano em que houve novos contratos nas medidas agroambientais foi em 2015. Os jovens adquiriram rebanhos e não puderam concorrer nesse ano, investiram nos animais na expectativa de fazer a candidatura em 2016, e já não o puderam fazer. “
O decréscimo também é visível no numero de explorações. De 2012 até hoje, perderam-se 44 explorações de ovinos e 249 de caprinos.
A baixa rentabilidade, tratar-se de um trabalho duro, a idade avançada da maioria dos pastores e a falta de jovens interessados são alguns dos problemas do sector.
INFORMAÇÃO CIR (Rádio Brigantia)