A Associação Ambientalista Quercus vai apresentar uma queixa formal à UNESCO por considerar que o novo parque eólico que vai surgir no Marão será um atentado à Paisagem do Alto Douro Vinhateiro. A Quercus defende ainda que esta nova estrutura será um atentado ambiental.
Até à próxima quarta-feira, está a decorrer o Estudo de Impacto Ambiental para a criação de um empreendimento que vai surgir na Serra do Marão, no concelho de Amarante, um novo parque eólico que terá um período de exploração de 20 a 25 anos e que terá oito aerogeradores com 93 metros de altura, equivalente a 30 andares, e com rotores com 114 metros de diâmetro.
João Branco da QUERCUS refere que este Parque vai ferir a paisagem Património Mundial do Alto Douro Vinheiro, daí que esta queixa pretende alertar a UNESCO.
“O Marão também é uma peça fundamental da paisagem do Douro, na região da Régua é um dos elementos dominantes da paisagem e a construção daqueles aerogeradores com 90 metros, ou seja, mais altos do que edifícios de 30 andares, com rotores eólicos com diâmetro de 100 metros, ficam mal na paisagem.
Eu recordo que em várias revistas internacionais saíram artigos lembrando que o Douro está a ficar muito artificial na paisagem à volta, e um dos principais problemas são precisamente os aerogeradores.
Como morador em Vila Real, quero continuar a ter o direito ver o Marão como ele está e poder ir passear numa serra livre destes aerogeradores.”
Para além da paisagem a QUERCUS diz que este será um atentado ambiental com a destruição da biodiversidade e a alteração do habitat de espécies protegidas como o caso do Lobo Ibérico, do abutre negro e da Águia-Real.
“Aquela zona é protegida comunitária, ou seja, é Rede Natura 2000, faz parte do sitio Alvão – Marão e é uma zona que já está muito sacrificada por parques eólicos.
Por outro lado, as populações estão muito ameaçadas pois este empreendimento inviabiliza de modo definitivo a possibilidade de a Águia-Real voltar a fazer ninho na Serra do Marão, como já aconteceu no passado.
Portanto, são esses os motivos que levam a Quercus a estar contra a instalação desde parque eólico, mas a queixa à UNESCO surge por causa da alteração da paisagem do Douro Vinhateiro porque não há como fugir a isso e é evidente que essa paisagem fica alterada com a construção destes aerogeradores.”
E por considerar ser um verdadeiro perigo para a paisagem do Marão e do Alto Douro Vinhateiro, a QUERCUS espera que os autarcas e a população possam estar ao lado desta pretensão da associação ambientalista.
“Em relação a este aspeto, temos um precedente que foi o parque eólico de Torre de Moncorvo, sobre o qual na altura também fizemos queixa à UNESCO e participamos no estudo de impacto ambiental, mas felizmente não foi preciso ir para tribunal porque o parque foi chumbado na sede desse estudo.
Como a situação é muito semelhante, no que refere ao impacto paisagístico, este ainda é maior e, por isso, estou convencido que também será chumbado em sede do estudo de impacto ambiental, a não ser que haja pressões muito fortes para aprovação do parque, o que espero que não aconteça.
Espero que os autarcas, as instituições da região e as pessoas ligadas ao Douro Património Mundial, levantem a voz contra este empreendimento pois o Marão pertence-nos a todos e não à companhia que quer lá instalar os aerogeradores.”
A QUERCUS considera que as dimensões dos aerogeradores são incompatíveis com a preservação ambiental, vão contra a classificação do Marão como área de rede Natura 2000 e pode afetar a classificação do Douro Património Mundial da Humanidade.
INFORMAÇÃO CIR (Universidade FM)