Seis ex-promotores do pólo Norte da incubadora de empresas BLC3, sediada em Macedo de Cavaleiros, entraram com um processo judicial em tribunal contra a associação que gere a entidade.
Fontes ligadas ao processo disseram à Onda Livre que em causa está o não recebimento de todos os valores da bolsa de investigação correspondentes aos meses em que estiveram afetos à BLC3, mesmo tendo desenvolvido o que lhes havia sido pedido. O processo deu entrada no dia dois deste mês no Tribunal de Macedo de Cavaleiros e o valor alegado em dívida ascende a 14500€.
Ao que apuramos, os pagamentos feitos aos ex-promotores, que deveriam ser mensais, não respeitaram as datas estipuladas, e chegaram a passar-se meses até receberem. Algumas vezes, os pagamentos terão sido apenas parciais. Motivos que estarão na origem do abandono do projeto e da entrada do caso na justiça.
Contactado o presidente e CEO da BLC3, João Nunes, sem nunca comentar diretamente a questão do tribunal, respondeu que “em relação ao processo referido de alguns promotores do programa de empreendedorismo, lamenta-se que as atenções não fossem orientadas para a entrega dos relatórios de encerramento dos trabalhos que desenvolveram, assim como, a entrega do trabalho de Business Plan, pedido em julho e de acordo com os primeiros 6 meses de atividade, facto que não aconteceu. Tendo terminado o programa de empreendedorismo em setembro, é necessário que após essa decisão fosse efetuado pelos promotores o relatório final dos trabalhos e entrega do pedido efetuado, até porque o programa de empreendedorismo evidencia que se não demonstrarem trabalho realizado poderão devolver a bolsa, estando este programa sujeito a avaliação final de peritos. Já foi referido e pedido para fazerem entrega do relatório e documentos em falta para que o processo seja encerrado de acordo com os procedimentos que se tem de seguir. Sem isso, e por mais vontade que exista, não é possível concluir o processo. Depende dos promotores em concluir o processo e não de nós.”
Na mesma resposta, João Nunes referiu ainda que, “existem mais projetos, promotores e também candidaturas submetidas e em curso, estando as mesmas associadas a trabalhos de investigação e inovação não podendo, neste momento, e porque não temos autorização, dar mais informações por motivos de confidencialidade. Apenas um projeto recente que se pode já referir e está associado à valorização de resíduos do setor do vinho para a produção de combustíveis de origem biológica para utilização nas próprias máquinas e alfaias agrícolas, em cooperação com entidades espanholas e que envolve a região do Douro Vinhateiro.”
Confrontado com desistência de promotores, Benjamim Rodrigues, autarca de Macedo de Cavaleiros, adiantou que a câmara está disponível para ajudar aqueles que queiram seguir com os seus projetos no território, criando uma espécie de “incubadora municipal”:
“Há duas versões desencontradas, uma é a do diretor do projeto e outra a dos promotores. Até que provem o contrário, eu tenho de acreditar nos dois.
Neste momento, o que está de forma segura no terreno é que a BLC3 está instalada e não abandonou o projeto.
Da nossa parte, vamos tentar dar apoio técnico aos promotores que queiram ficar no nosso território e não se conseguiram entender com a BLC3e, dando-lhes apoio técnico, e, eventualmente, poderemos pensar na solução de criar uma incubadora de cariz municipal.”
De recordar que o pólo norte da BLC3 foi inaugurado em Macedo de Cavaleiros no dia 21 de junho, embora o projeto já tivesse começado no início do ano, e chegou a ter mais de uma dezena de promotores, maioritariamente da região.
Escrito por ONDA LIVRE