Falha técnica no carro do piloto foi a causa do acidente que provocou dois mortos na Rampa Porca de Murça

Uma falha técnica no carro de um piloto provocou, ontem à tarde, um acidente na Rampa Porca de Murça, que fez dois mortos e oito feridos, dois deles em estado grave.

Pouco depois das 16 horas, Luís Silva, piloto de Famalicão, cortou a meta, o acelerador do carro que conduzia colou, perdeu o controlo e 105 metros depois foi contra a assistência.

Ni Amorim, presidente da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting, diz que os relatórios dos delegados técnicos confirmaram uma falha técnica no carro de Luís Silva:

“Confirma-se que foi uma falha técnica. O acelerador colou e as rodas de trás estavam a puxar para a frente, deixando o carro desgovernado e os travões nada fazem numa circunstância destas, daí a violência do impacto.”

Atrás dos rails de proteção abalroados pelo carro estavam as duas vítimas mortais: José Avelino Cruz, jardineiro da câmara de Murça, e Maria Constância de Andrade, residente em Levandeira, aldeia próxima do local do acidente. Ambos tinham 55 anos de idade.

Um dos dois feridos graves é um bombeiro da corporação de Murça, César Lourenço, que ficou com lesões nas pernas, de acordo com o comandante dos bombeiros Ricardo Inácio:

“O bombeiro que está no hospital de Vila Real tem ferimentos a nível dos membros inferiores. Era alguém que estava com responsabilidades na zona norte da pista. O elemento que foi atropelado junto da zona de espetáculo, à minha chegada estava consciente e falou comigo, mas foi um cenário bastante pesado para nós.”

Nem César Lourenço nem o outro ferido grave correm perigo de vida. Ambos foram encaminhados para o Hospital de Vila Real, tal como os seis feridos ligeiros. O piloto saiu ileso.

O comandante da GNR de Murça, Teodoro Silvano, adiantou que o BMW M3 E30 foi apreendido para que sejam realizadas as perícias necessárias ao apuramento do que se passou com a máquina com cerca de 300 cavalos de potência.

A Rampa Porca de Murça realiza-se há mais de 30 anos e, de acordo com o presidente da Câmara de Murça, Mário Artur Lopes, reúne todas as condições de segurança e nunca registou um acidente grave:

“Desde os anos 80 que este evento nunca teve nenhum acidente. Infelizmente, aconteceu hoje, mesmo no fim. O traçado está homologado segundo as normas impostas pela Federação Internacional de Automóvel e segundo o que me foi comunicado não houve falhas nas normas de segurança. As vítimas do acidente cumpriam os requisitos impostos e vamos tentar averiguar o que realmente aconteceu e acionar todos os mecanismos que estão ao nosso alcance.”

O presidente da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting, Ni Amorim, não vê razões para que a competição deixe de se realizar em Murça:

“As condições de segurança foram aumentadas. Este ano terá sido a edição mais segura de todas. Já tínhamos pedido, anteriormente, reforço dessas condições e apenas foram concretizadas este ano. Se o clube quiser organizar a prova em Murça, a Federação está disponível para aceitar. Da nossa parte não há nenhum motivo para que isso não aconteça. O que aconteceu aqui, infelizmente, pode acontecer em qualquer zona do país.” 

O presidente da Câmara de Murça salientou ainda que foram decretados três dias de luto municipal, de hoje até quarta-feira.

INFORMAÇÃO CIR (Rádio Ansiães)