Com a nova realidade trazida pela pandemia, as preferências dos turistas parecem estarem a mudar e prova disso é que o interior norte conseguiu alcançar uma taxa de ocupação de 80%, superando em percentual a área metropolitana do Porto.
Uma clara inversão da procura, como explica o presidente da Turismo do Porto e Norte, Luís Pedro Martins:
“Houve uma clara inversão da situação. Até fevereiro de 2019 tínhamos uma maior concentração de turistas na Área Metropolitana do Porto e sentíamos alguma dificuldade em conseguirmos trazer os turistas para os territórios mais afastados das portas de entrada, hoje em dia isso não acontece. Os turistas estão a querer percorrer primeiro estes territórios e por isso é que temos uma taxa de ocupação que anda entre os 75% e os 80% nestes destinos de Trás-os-Montes, Douro e Minho. Nas grandes cidades, neste momento, temos taxas de ocupação de apenas 30%.”
O mesmo se verificou por Macedo de Cavaleiros, com julho a ter uma procura atípica, refere o autarca local, Benjamim Rodrigues:
“Em Macedo nota-se uma afluência considerável. O mês de julho foi atípico porque tivemos uma grande afluência à zona do Azibo. Conseguimos, através de uma campanha contínua e apelando à consciência das pessoas, fazer com que houvesse respeito pela distância e normas de segurança. Estamos a ter uma frequência civilizada de turistas nas praias do Azibo.”
Os números são animadores mas, se olharmos ao fluxo turístico, a quebra, em toda a região Norte, foi grande. No entanto, Luís Pedro Martins adianta que já se vê alguma luz ao fundo do túnel:
“Em março tivemos a primeira queda que foi de 60%. Em abril de 95% e em maio de 97%. Em junho começámos a notar uma ligeira recuperação e andamos pelos 78%, o que significa que no Porto e Norte tivemos 230 mil dormidas neste mês de junho, o que fez desta a segunda região do país com mais dormidas, mesmo à frente do destino de Lisboa. Os turistas nacionais têm tido um papel muito importante mas não conseguem compensar a perda do turismo nacional.”
Depois de agosto, o presidente da Turismo do Porto e Norte prevê que a afluência e turistas volte a cair e, por isso, considera que este é o momento para agarrar a oportunidade:
“O problema vai ser o que acontecerá depois de agosto. Será a continuação de um ano bastante duro que se deve arrastar até à páscoa de 2021, altura em que espero que seja já um momento de recuperação. O apelo que tenho feito, nomeadamente a autarcas, empresas, e todos os que trabalham na área do turismo, é que agarrem esta oportunidade.”
Luís Pedro Martins apela ainda ao Governo para que esteja atento ao setor do turismo para que as empresas possam manter a qualidade dos serviços oferecidos.
Escrito por ONDA LIVRE