Arranca hoje uma nova fase de ensino à distância e é preciso motivar os alunos no processo de aprendizagem

À semelhança do que aconteceu no primeiro confinamento, arranca hoje uma nova fase de ensino à distância. Esta é mais uma das medidas tomadas para evitar a propagação de Covid-19.

Paulo Dias, diretor do Agrupamento de Escolas de Macedo de Cavaleiros, explica que foi pedido aos professores um esforço extra para não sobrecarregar os alunos:

“Eu espero que corra, pelo menos, tão bem quanto correu no ano passado. O Conselho Pedagógico e a Direção tentou agilizar algumas situações, tornando as aulas mais leves e praticando um ensino que consiste em lançar desafios aos alunos e ir monitorizando o trabalho deles. Pedimos também aos professores um esforço, no sentido de não haver uma sobrecarga de trabalhos. No ano passado tive muitos contactos de pais que falavam em excesso de trabalho, e sabemos que, em muitas situações, acabava por acontecer.”

 

Embora considere que neste segundo confinamento haja uma melhor preparação para o decorrer das atividades letivas, o diretor confessa que, no ano passado, houve várias falhas técnicas:

“A internet, no nosso concelho, não está instalada de forma igual, porque há zonas onde não há fibra, outras que só há ADSL, e os acess points fornecidos pela autarquia e pela escola, em algumas zonas têm dificuldade em assegurar o streaming e atualização de imagem e som. Essa é uma dificuldade técnica evidente. Depois, há também dificuldades por parte dos professores, porque estão a trabalhar em casa, com os computadores e internet deles, e onde, claro, também há crianças e família, na maior parte das vezes.” 

 

Paulo Dias assume uma preocupação acrescida com o possível abrandamento na aprendizagem, especialmente no que toca às crianças de 1º ano:

“Preocupa-nos a questão dos alunos que estão agora no 2º ano. É uma geração que entrou na escola em período de pandemia, e aí achamos que vamos ter muito trabalho para recuperar esses alunos. Para aprender a ler e escrever é preciso ter o professor à frente, que ajuda com a mão, que ensina a segurar o lápis e articula as palavras para o aluno perceber e ver o movimento. Tudo isso, à distância é complicado de conseguir.”

 

Luísa Morais é professora de Biologia e realça a falta de organização e motivação por parte dos alunos:

“Esta modalidade de ensino acaba por ser mais exigente. Os alunos têm pouca capacidade de organização e de auto motivação. Neste tipo de ensino, o aluno tem de gerir autonomamente o seu estudo e horários.”

 

Do lado dos encarregados de educação, Fernando Castanheira Pinto, pai de um aluno de 8º ano, considera penoso o facto de terem sido dadas “duas semanas de férias” aos alunos, ao invés de se ter iniciado, aquando do fecho das escolas, o ensino a partir de casa:

“Espero que o primeiro período tenha servido de exemplo, para os alunos e professores, para que as coisas desta vez possam correr melhor. Nada disto é perfeito, nem sequer é a solução ideal. Lamento que os nosso filhos tenham estado 15 dias de férias. Foi a situação mais cómoda que se arranjou, que não me parece a melhor.”

 

José Miguel, aluno de 12º ano da área de humanidades, refere que a dificuldade de concentração é um dos maiores entraves neste processo:

“As grandes dificuldades são as que nós próprios criamos. Em frente a um computador é muito mais propício a que fiquemos distraídos com alguma coisa. No entanto, tenho muitos colegas que se distraíam com os próprios telemóveis ou com algo que se passasse dentro de casa. Qualquer barulho provoca mais distração do que na sala de aula.”

 

Os dias que os alunos estiveram sem aulas serão compensados nos períodos de férias da Páscoa e Carnaval.

Segundo o Jornal Público, o Governo vai “manter os apoios terapêuticos e as medidas adicionais aos alunos com necessidades especiais”, assim como as refeições para os alunos do escalão A e B.

 

Escrito por ONDA LIVRE