A pandemia não travou a vontade de aquirir casa própria mas, em muitos casos, fez adiar a decisão final.
Antero Seguro é proprietário de uma imobiliária, em Macedo de Cavaleiros, há 23 anos. Conta que o período que vivemos trouxe preocupações acrescidas a quem ansiava comprar uma habitação:
“Afetou bastante. Tive muitos candidatos a comprar que ficaram de pé atrás devido às preocupações relacionadas com o investimento que iam fazer. Sem dúvida que muita gente queria comprar mas o medo sobrepôs-se.
Tenho clientes que querem investir para depois porem a arrendar. Sem dúvida que há muita carência de apartamentos para arrendar em Macedo de Cavaleiros. Os médicos e enfermeiros são exemplo da falta de imóveis desse género. Vieram trabalhar para cá e estão à espera de uma casa há mais de dois meses.”
Quanto à falta de emprego e rendimentos baixos, são questões que também pesam na hora de tomar uma decisão:
“Posso dar o exemplo de um casal que quer comprar. Estão os dois a trabalhar num hipermercado, mas estão a pagar a prestação de um carro e têm uma filha, o que faz com que a taxa de esforço seja superior ao aceitável, e o banco rejeite o financiamento.”
Do mesmo ramo de negócio faz parte Luís Sá. É sócio de uma imobiliária mas conta que não notou qualquer diminuição na venda de imóveis:
“Acho que não se fizeram mais negócios porque não se podia. Penso que a pandemia, para já, não fez uma ferida muito grande ao setor. Esperemos que a crise não se reflita no período que aí vem.
Tem havido bastante procura de gente de fora que quer uma casa para férias de verão e depois realço também os jovens que querem adquirir a primeira habitação.”
Quanto aos métodos de trabalho, tiveram de ser reinventados:
“As visitas estiveram suspensas neste período de confinamento.
As pessoas entravam em contacto connosco através das diversas plataformas disponíveis e falavam-nos das pretensões de cada um. Depois, víamos os imóveis em carteira e consoante o que o cliente gostava fazíamos videochamadas ou pequenos vídeos de cada compartimento. Uma forma diferente de mostrar uma casa.”
A faixa etária dos 25 aos 30 anos é a que mais tem apostado na compra de casa. Quanto ao preço das habitações, não teve qualquer alteração.
Ainda assim, estima-se que a pandemia de Covid-19 tenha vindo agudizar desigualdades e a afetar os grupos mais vulneráveis.
Escrito por ONDA LIVRE