IX Feira do Azeite e do Figo, no Lombo, assinala regresso das feiras às aldeias do concelho macedense

IX Feira do Azeite e do Figo, no Lombo, assinala regresso das feiras às aldeias do concelho macedense

Depois de quase dois anos suspensos, os eventos começam a retomar um pouco por todo o país.

Na aldeia do Lombo, no concelho de Macedo de Cavaleiros, este fim de semana voltou a realizar-se a Feira do Azeite e do Figo.

Entre os cerca de 12 expositores, todos da freguesia, encontramos Ilda Parada e Maria Cordeiro, que aproveitam a feira para vender o que produzem, e confessam que o facto de não se ter realizado o ano passado fez diferença no escoamento dos produtos:

“Faz sempre falta porque os produtos ficam na adega e aqui sempre vendemos.

Este ano os figos já saíram todos, ao contrário do que já aconteceu no passado em que sobram muitos porque toda a gente tem, mas este ano a produção de figos veio muito fraca.

Tinha esperança de vender o azeite todo que trouxe mas só ainda saiu um litro.

Tudo o que trago é produção minha, desde azeitonas, licores, amêndoas, marmelos, maçãs, alcaparras e tremoços.”

“Foi complicado não termos tido feira o ano passado e retomar agora é bom, porque são iniciativas importantes para divulgar os nossos produtos. No sábado saí daqui já por volta das duas da manhã, o que foi bom.

A esta feira trago fumeiro tradicional, a pastelaria feita por mim, as compotas, licores, azeitonas e produtos hortícolas.”

Mas não só de produtos regionais se faz esta feira.

Na banca de Andreia Xavier, que participou este ano pela primeira vez, o público foram as crianças:

“Corajosamente decidi abrir uma livraria infantil em Macedo de Cavaleiros, e por isso também trouxe livros para o mundo rural, porque apesar de serem poucas crianças, acho que também merecem essa oferta que encontramos facilmente no litoral ou em grandes cidades.

Trouxe também materiais, para pintar e criar algo em conjunto, relacionados com o outono, com os nossos frutos secos, algumas atividades relacionadas com o figo, utilizando a madeira por ser mais sustentável e mais rica sensorialmente para uma criança do que o plástico habitual. 

Tem sido uma dinâmica muito gira, sobretudo depois de um tempo de pandemia, em que acho que toda a gente tem muita vontade de voltar a partilhar, de conviver, e foi maravilhoso ser para esse público mais jovem, que infelizmente já não brinca tanto na rua e não tem tantas experiências na aldeia. “

Esta foi a última Feira do Azeite e do Figo do mandato do presidente da junta Armindo Cepeda, ele que não tem dúvidas da importância do certame para a população poder escoar o que produz, o que continua a falar é o regadio:

“Acho que este tipo de iniciativas nunca fez tanta falta como agora ao mundo rural.

O principal objetivo desta feira é promover e comercializar os produtos da nossa freguesia.

Houve bastante gente e houve inclusive uma expositora que entre sexta e sábado cozeu 14 vezes. Houve muita gente e acho que esta é a melhor obras que fazemos.

Aqui o que ainda faz falta é o regadio. Tal como eu disse aqui há dois anos, se no Lombo houvesse água, até as fragas davam batatas. Se calhar vamos ter que adotar novas técnicas para a agricultura mais predominante aqui, que é a de sequeiro.”

Esta foi a primeira feira do género retomada no concelho de Macedo de Cavaleiros após o levantamento das restrições. Para o presidente da câmara municipal, Benjamim Rodrigues, é sinal de algum regresso à normalidade:

“Este tipo de eventos é sempre muito importante para as pequenas economias.

As pessoas andavam já com falta de ânimo, de certa forma angustiadas, para não dizer desesperadas.

Muita da economia que se gera nestas freguesias tem a sua oportunidade neste tipo de eventos. 

Penso que, embora de certa forma seja uma surpresa, teremos já aqui uma amostra do dinamismo que havia antes da pandemia. “

Quanto ao regadio, que continua em falta naquela zona do concelho, o presidente diz que não está entre as prioridades do Governo, pelo que terão de ser pensadas outras soluções:

“O Lombo não é propriamente uma zona fácil. Primeiro, pela localização geográfica e, em segundo, pelos complexos hidroagrícolas já existentes que também não favorecem muito porque são pequenas barragens que não chegam para regar a zona a que destina.

Para aqui uma das possibilidades passa pela criação de pequenas charcas.

O Plano Nacional de Regadio não prevê investimento nesta zona, em que temos duas ou três aldeias que poderiam ser beneficiadas.”

A IX Feira do Azeite e do Figo contou ainda com um seminário sobre A Horta Familiar, a apresentação de um livro e animação.

Escrito por ONDA LIVRE

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