A Federação das Associações de Caçadores da 1ª Região Cinegética (FACIRC) pede investimento e apoio por parte do Estado para combater o declínio muito acentuado do coelho-bravo na região. A entidade lamenta que num projecto recentemente aprovado o Norte do país não tenha sido incluído.
A FACIRC estima que cerca de 95% da população desta espécie cinegética tenha desaparecido nos últimos anos. A principal causa é a doença hemorrágica viral, que se seguiu à mixomatose, também mortal para o coelho. O presidente da federação de caçadores, João Alves, lamenta que não haja acções concretas por parte do Estado para inverter a situação:
“O coelho que existe na região, neste momento, é muito pouco e essencialmente fruto do trabalho de algumas associações de caçadores que vão fazendo numa tentativa de o reintroduzir e de o manter, às vezes até à revelia do que estava estipulado pela DGAV.”
O Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) anunciou a implementação de um projecto de 2,1 milhões de euros para combater o declínio do coelho-bravo, mas só abrange as regiões do centro e sul de Portugal e Espanha, já que é o habitat natural do lince-ibérico, que se alimenta de coelho. A Federação das Associações de Caçadores da 1ª Região Cinegética, lamenta que o Norte não seja abrangido por este projecto de repovoamento:
“O Norte vai ficar de fora, é uma situação que não nos agradou muito, mas vamos tentar perceber o que se passou. Ainda por cima não fomos ouvidos, não fomos tidos nem achados e era importante que o Estado e o ICNF, que não me parece que tenha agido bem desta forma, se não nos pudessem abranger, pelo menos que nos informassem. Eu creio que o coelho é muito mais importante para o panorama ibérico, já que é a base da caça, uma actividade que move milhares de pessoas e milhões de receita. Seria muito mais importante nessa base do que apenas como forma de alimentação do lince. O lince é importante e apoiamos esse esforço, mas o coelho não se pode cingir à questão do lince, o coelho é muito mais importante do que isso.”
Nos últimos anos foi implementado o projecto +Coelho, no entanto, segundo João Alves, os efeitos para contrariar o declínio da população de coelho não são visíveis no território. Por isso, pede uma acção concreta e forte do Estado para a reintrodução controlada da espécie:
“Era necessário que o Estado interviesse de uma forma séria, que fizesse um estudo profundo e elaborado sobre a doença e a melhor forma de a controlar. Depois era preciso que se fizesse uma reintrodução do coelho, devidamente ordenada, com regras para que as populações do coelho voltassem a crescer, porque neste momento o coelho está completamente dizimado.”
Além de ser alimento de vários animais como raposas, águias e outros predadores, o coelho bravo é uma importante espécie cinegética, e a falta destes animais contribui para a diminuição da actividade da caça na região.
Desde 2019, que o coelho passou a ser considerado ameaçado de extinção, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza.
A CIR questionou o ICNF, para saber se haverá algum programa para conter o declínio do coelho no Norte e qual tem sido a evolução da população deste animal na região, mas até ao momento não obtivemos resposta.
INFORMAÇÃO CIR (Rádio Brigantia)