Violência no namoro: número de queixas mantém-se mas há menos legitimação

O número de queixas por crimes de violência no namoro tem-se mantido sem grandes alterações mas nota-se uma diminuição da legitimação dos crimes em si.

Quem o diz é Margarida Pacheco, que trabalha num projeto de prevenção de violência de género em contexto escolar da UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta), que acredita que a tendência é que os crimes venham a diminuir:

“Devido à pandemia este ano ainda não fizemos mas temos feito sempre estudos sobre violência no namoro com cerca de 5000 jovens, dos 12 aos 18 anos, do país inteiro, e concluímos que os resultados têm-se mantido. Tem diminuído é alguma da vitimação e legitimação, o que é compreensível porque tem-se falado muito deste problema.

Em 2023 vamos fazer um novo estudo, já tendo em conta a pandemia, porque sabemos que houve algumas mudanças de comportamentos, passado para o online, e vamos fazer a comparação.
De há cinco anos para cá temos vindo a falar muito sobre violência no namoro e violência doméstica com jovens, e acho que estão mais consciencializados para estes temas. Não sei os resultados futuros mas acho mesmo que vai começar a diminuir.”

E algumas vezes os crimes não são denunciados:

“Uma pessoa muito dificilmente diz que é vitima de algo.

Numa situação de relação abusiva, os jovens pensam a quem devem pedir ajuda. Por vezes falam uns com os outros e não querem contar a adultos, sejam pais ou professores.
Mas é importante passar a mensagem de que há sempre um adulto de confiança que deve ajudar e não deixar ficar só entre os jovens.”

Declarações à margem de uma palestra organizada pela Escola Profissional Jean Piaget, dirigida a jovens entre os 15 e os 19 anos.

Um tema que deve ser abordado na escola, considera o presidente, Armando Queijo:

“Esta parte é tão importante quanto a curricular.

É uma área que entra no âmbito da cidadania e da educação para a cidadania, e compete às escolas fazê-los estar atentos, pois através desta educação conseguimos dar aos jovens uma dimensão moral, ética e educativa muito ampla, e formá-los, no fundo, para a vida.
É um tema importante e uma obrigação da escola.”

Em 2021, a GNR registou 1105 crimes de violência no namoro, 332 dos quais de jovens com idades até aos 24 anos.

Escrito por ONDA LIVRE

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