Ainda há um longo caminho a percorrer para que haja acessibilidades suficientes para a comunidade surda na região.
Quem o diz é Marta Ochoa, licenciada em Língua Gestual Portuguesa, que deixa alguns exemplos:
“Em vários contextos, mas principalmente na saúde.
Ainda existe muito a fazer, sobretudo aqui nestas regiões, onde a população surda é maioritariamente idosa, e como tal necessita de mais cuidados e domina muito pouco a língua portuguesa.
Quando estamos no serviço de urgências, por exemplo, o médico chama-nos ao consultório através do microfone. Como fazem as pessoas surdas? De que forma podemos mudar isso? Às vezes parece ser um bicho de sete cabeças mas não é. Podemos facilitar o processo através de uma senha, tendo depois um ecrã com o número que tirámos.”
De acordo com Marta Ochoa, a comunidade reclama a presença de mais intérpretes de língua gestual nos serviços públicos:
“Aquilo que a comunidade surda queria era que o Governo disponibilizasse um intérprete para os acompanhar nos contextos em que é necessário, como na saúde, na educação e na justiça. Como não conseguem essa permissão, têm de ser eles a ir procurar um intérprete e pagar do próprio bolso.”
Marta Ochoa é natural de Macedo de Cavaleiros e foi convidada pela Junta de Freguesia local para sensibilizar sobre estes e outros aspetos.
Até porque no que diz respeito à integração, há coisas a melhorar:
“É tentar aprender um pouco mais de língua gestual para incluir essas pessoas na nossa sociedade, porque muitas delas sentem-se excluídas. O que podemos mudar no nosso dia a dia? Será que uma ida ao hospital é inclusiva? É preciso perceber o que podemos fazer nas mais diversas áreas como saúde, educação, cultura.”
A palestra “Viver e Com(o) viver com a surdez em Trás-os-Montes” é aberta à população em geral e foram também convidados representantes de entidades locais, com o objetivo de os sensibilizar para esta questão que às vezes passa despercebida, refere o presidente da junta, Sérgio Borges:
“O objetivo é informar e sensibilizar os cidadãos sobre vários temas relevantes e atuais, como é o caso deste. É muito fácil passar-nos ao lado, porque não temos essa deficiência e, como tal, não temos essa necessidade e nem nos apercebemos das dificuldades. Ainda me recordo de terem começado a fazer rampas para dar acessibilidade a certas pessoas. Estes são bons passos e é para isso que serve esta palestra, para tentar sensibilizar para estas questões.”
A palestra tem hora marcada para as 21h deste sábado na Junta de Freguesia de Macedo de Cavaleiros.
Escrito por ONDA LIVRE