População do Cachão é a primeira do país a ter gás renovável

A Aldeia do Cachão é a primeira localidade do País a ser abastecida com gás renovável.

O Grupo Dourogás avançou, esta terça-feira, com a primeira injeção de biometano na rede de gás natural, em Portugal, na Unidade Autónoma de Gaseificação (UAG) de Urjais, no concelho de Mirandela, junto ao Parque Ambiental, onde se encontra o aterro sanitário do Nordeste Transmontano.

Nuno Moreira, CEO da Dourogás, adianta que os primeiros a receber uma percentagem de gás renovável serão cerca de 80 clientes domésticos do Cachão e uma dezena de empresas instaladas no complexo-agro-Industrial:

“Um equipamento que permite que esse biometano entre na rede de gás, que se inicia aqui e segue até à zona agroindustrial do Cachão e à sua população. A partir deste momento abrimos a válvula, é o primeiro local de Portugal que têm biometano na rede, o que significa que a rede de gás natural tem uma percentagem de gás renovável. Até hoje em Portugal todas as redes de gás natural tinham apenas gás natural fóssil e a partir de hoje há uma rede em Portugal com uma percentagem de gás renovável, que é o biometano. A população do Cachão é a primeira do país a ser alimentada por gás renovável.”

Este projeto pioneiro em Portugal resulta de uma parceria entre a Dourogás e a Resíduos do Nordeste, empresa intermunicipal responsável pelo sistema de tratamentos de resíduos urbanos do distrito de Bragança e ainda do concelho de Vila Nova de Foz-Coa.

Trata-se de um combustível renovável, limpo, eco sustentável e uma alternativa aos combustíveis fósseis.

Desde 2011, que a Resíduos do Nordeste produz biogás a partir da digestão anaeróbia de resíduos orgânicos que são depositados no aterro sanitário de Urjais, na freguesia de Frechas, em Mirandela.

Esse biogás é fornecido à Dourogás que instalou uma unidade de abastecimento de gás natural junto ao parque ambiental para abastecer cerca de 40 camiões do lixo da Resíduos do Nordeste e outros veículos pesados que passam no local, a própria frota de logística do grupo, e também viaturas ligeiras de turistas e emigrantes.

Em 2017, a Dourogás instalou um equipamento que faz a limpeza do biogás do aterro e transforma em biometano para ser substituto do gás natural, que já tem vindo a ser utilizado mas apenas para abastecer as viaturas da Resíduos do Nordeste.

Desde 2020, foram criadas as condições regulatórias para se poder iniciar a injeção na rede. Aconteceu agora, através de um equipamento instalado pela Dourogás. A ideia é que os primeiros tempos possam servir para fazer ensaios nos equipamentos, para perceber se, até ao final do ano, será possível chegar a 100% de gás renovável nesta rede que vai até ao Cachão, numa unidade que soma mais de 1,5 milhões de euros de investimento por parte da Dourogás:

“Estamos convencidos. Eles têm a especificação que nos permite acautelar e certamente que vamos poder chegar a 100% de gás renovável nesta rede. Esse será um marco muito importante visto a rede ser pequena e ser possível produzir biometano suficiente para abastecer a 100% dessa rede. É o início da produção e injeção de gases renováveis no país.”

O ministro do Ambiente e da Ação Climática sublinhou a importância deste projeto pioneiro em Portugal e o facto de ter sido o interior a dar o exemplo:

“ É o primeiro passo de um futuro que se venha a generalizar, quer no desenvolvimento do nosso país como um país capaz de produção de gases renováveis, inclusivamente de exportação e de injeção na rede de gases renováveis. Este projeto é muito importante e também o é por ter acontecido aqui, pois é sinal de que temos por todo o país, em todas as regiões e em particular neste território, uma enorme capacidade de inovação e de cooperação regional que permitiu que um momento tão extraordinário como este aconteça no Nordeste, o que é também um exemplo. É muito importante para o nosso país que estas empresas sejam pioneiras e estejam na liderança deste processo de gases renováveis.”

Duarte Cordeiro deixou bem claro que este projeto de produção de biometano está relacionado com dois dos eixos estratégicos de política ambiental, como são a valorização dos resíduos e o desenvolvimento de fontes de energia renováveis e sustentáveis e que vão ser criados incentivos para os Municípios que enveredarem por esta estratégia.

O titular da pasta do ambiente especificou que alguns dos incentivos aos municípios podem passar pela devolução de parte das taxas de gestão de resíduos em aterro ou vir a financiar a tonelada de resíduos recolhidos.

Duarte Cordeiro também presidiu à inauguração da Unidade de Produção para Autoconsumo de Energia Elétrica da Unidade de Tratamento Mecânico e Biológico da Resíduos do Nordeste, um investimento de cerca de 320 mil euros:

“Estima-se uma receita de aproximadamente 67000 € anuais, o que equivale a 5600 € mensais. Considerando que uma família gaste em média de 40 € mensais, podemos afirmar que vamos produzir o equivalente a um consumo de 140 famílias. Do ponto de vista ambiental, a quantificação de gases com efeito de estufa expressas em dióxido de carbono equivalente, associadas às atividades das OPAC, permite a respetiva compensação em quantidade também equivalente. Anualmente será evitada a emissão de 175 toneladas de CO2, o equivalente a plantar mais de 1000 árvores.”

Números avançados por Hernâni Dias, presidente da administração da Resíduos do Nordeste, depois de inaugurado mais um equipamento que vai ajudar a aumentar a auto-sustentabilidade energética do parque ambiental.

A primeira injeção de biometano na rede de gás natural, em Portugal, aconteceu na terça-feira na Unidade Autónoma de Gaseificação, em Urjais, Mirandela, no chamado Parque Ambiental, onde se encontra o aterro sanitário do Nordeste Transmontano.

Foto: Município de Mirandela

INFORMAÇÃO CIR (Terra Quente FM)