Lobos atacaram rebanhos nas aldeias de Vinhas e Salsas

Recentemente têm sido frequentes os episódios de ataques de lobos a rebanhos na região.

A semana passada foram dois a atacar as ovelhas de Maria José, na aldeia de Vinhas, no concelho de Macedo de Cavaleiros.

Esta pastora conta que duas morreram e oito ficaram feridas:

“Soltei as ovelhas como de habitual, às 6h/6h30, e por volta das 8h o meu marido olhou para o rebanho e viu os animais a fugir. Sentiu o barulho dos cães também, e quando olhou viu dois lobos atrás delas. Gritou muito, ao ponto de ficar rouco, pois eles não queriam ir embora, tiveram de ser os cães a espantá-los. Parecem estar habituados a pessoas.

Duas ovelhas morreram logo, uma foi rasgada na barriga, as tripas caíram ao chão e morreu de imediato. A outra foi atacada no pescoço e num quarto. Também morreu logo e estava prenha. Agora está lá outra que também vai morrer porque as golas foram muito furadas e não come. O veterinário já nos disse que não vai curar.

Foram feridas oito.”

Maria José já faz contas ao prejuízo e espera vir a ser indemnizada:

“Só pelas ovelhas mortas são 300€, pelo menos, pois dei 100€ por cada uma.

Daquela que ia parir o morreu, se vendesse os dois cordeiros pequenos eram logo 100 euros, pois 50€ qualquer pessoa dá.

Além disso, há a despesa de pagar ao veterinário e os medicamentos.

Eu chamei as autoridades e o ICNF. Acho que deveriam pagar as despesas aos agricultores todos que foram afetados.”

Mas este não foi caso único. A cerca de 13 km, na aldeia de Salsas, já no concelho de Bragança, esta semana foram atacados os animais de Alexandre Moreira, dentro de uma vedação. Foi a segunda vez este ano e diz estar a ponderar até deixar a atividade pecuária:

“Este ano é o segundo ataque de que sou alvo. Há cerca de dois meses mataram-me cinco animais, três morreram no imediato e duos ficaram feridos, mas também acabaram por morrer.

Entretanto tive conhecimento que o lobo já se aproximou vários vezes das ovelhas, eu vi-o uma vez próximo da rede e só não entrou porque os cães não permitiram. Já os voltei a ver mais duas vezes e agora voltaram a atacá-las, mantando dois animais. O ataque deu-se por volta da meia-noite e meia ou uma da manhã.

Há 15 dias mandaram-me 250€ pelo carneiro que o lobo agora me matou, e não o vendi porque tinha uma grande estima por ele. A ovelha vale, no mínimo, 100€.

Já estou a ficar cansado disto e vou desfazer-me dos animais, porque não há forma de isto se resolver.”

Alexandre Moreira defende que sejam tomadas medidas para prevenir estes ataques, que têm sido frequentes:

“Ultimamente já não se ouvia falar em lobos e agora volta-se a ouvir.

Ouvem-se várias versões. Uma delas é que havia em Espanha, na zona de Zamora, viveiros de lobos, e com os grandes incêndios que lá ocorreram, os animais terão fugido para o lado português.  Não sei se é verdade mas uma coisa é certa, há por aí bastantes lobos e têm causado ataques em várias aldeias aqui perto.

Se quisessem manter a espécie era tão simples quanto o Estado fazer vedações nas suas propriedades e pô-los lá. Criavam também uma linha para se poder ligar quando um animal morresse. Assim mantinham os lobos, pois da forma que está não vão conseguir, porque as pessoas se puderem abatem-nos e se houvesse uma reserva tinham sempre alimento . Assim a espécie resistia.”

Contactámos o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) que respondeu ser alheio à libertação e alimentação destes lobos.

Informaram também que “conforme previsto na legislação aplicável, os danos que comprovadamente resultem de ataques ao gado, ou a cães de proteção ou condução de rebanho, são indemnizados pelo Estado.”

Recentemente um outro ataque, ao rebanho de um pastor na aldeia de Vila Franca, no concelho de Bragança, matou cinco animais e feriu outros dois.

Fotos: Cortesia de Maria José

Escrito por ONDA LIVRE

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