No passado dia 19 foi celebrado o centenário do escritor Eugénio de Andrade, na Biblioteca Municipal A.M. Pires Cabral, em Macedo de Cavaleiros, com a exposição do espólio de António Oliveira.
Eugénio de Andrade, nascido a 19 de janeiro de 1923, no Fundão, e considerado um dos maiores escritores portugueses, é recordado no centésimo aniversário pelo professor que considera que um escritor ou artista conhecido, seja português ou não, é sempre bom ser relembrado:
“Acontece que chegando ao centenário, que é um número bem marcante, faz-se tudo e mais alguma coisa e depois esquecemos o poeta ou o artista. E era importante lembrar que Eugénio de Andrade foi um dos maiores poetas da língua portuguesa, do século XX, a par de Sophia (de Mello Breyner) e de Miguel Torga. Portanto, era bom relembrar que ele existe e que faz parte da nossa cultura, da poesia e da literatura.”
Esta exposição quer dar a conhecer a obra do poeta, juntamente com pinturas de vários artistas convidados, que deram forma aos textos, a partir da própria interpretação:
“Primeiro ver o rosto do Eugénio de Andrade porque é importante ligá-lo ao texto e obra do autor. E depois também apreciar algumas curiosidades como manuscritos inéditos e fotografias que não poderão voltar a ver. Veem hoje e se calhar não voltam a ver.
Optamos por escolher um tema que é a literatura e a pintura. Podem ver alguns quadros e aquilo que se pode fazer com a poesia e com a literatura. Como é que a literatura pinta o texto. Os autores convidados pegam nos poemas do Eugénio e fazem um retrato ou um quadro, que não refletem nem espelham exatamente o texto, é uma interpretação do próprio artista.”
O professor conta também o que o motivou a estudar Eugénio de Andrade:
“Eu creio que eu nasci com a intuição da música e da poesia. Aos 17 anos já lia poemas de vários autores, estrangeiros e portugueses, e achava aquilo bonito, achei a língua portuguesa a mais pura que há e a mais musical. Entretanto, fiz o meu mestrado em literatura francesa com o Marcel Proust na Universidade do Minho e aí queria trabalhar um autor português, o Miguel Torga ou o Eugénio de Andrade. Eu tinha algum contacto com o Eugénio de Andrade, ele vinha à minha escola a Santo Tirso e eu achei que as conversas dele iam mais ao encontro do Marcel Proust, então optei por fazer um doutoramento em literatura comparada entre Marcel Proust e o Eugénio de Andrade.”
Artur Moreira, José Rodrigues e Cristina Valadas foram alguns dos autores que colaboraram na pintura da poética de Eugénio de Andrade.
A exposição pode ser visitada de segunda a sexta-feira, até dia 28 de fevereiro, na Biblioteca Municipal A.M. Pires Cabral, em Macedo de Cavaleiros.
Escrito por ONDA LIVRE
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