PJ deteve 20 suspeitos e fez 60 buscas por alegadas adulteração de análises de água destinada ao consumo humano. Foram também feitas buscas na Câmara de Macedo de Cavaleiros

PJ deteve 20 suspeitos e fez 60 buscas por alegadas adulteração de análises de água destinada ao consumo humano. Foram também feitas buscas na Câmara de Macedo de Cavaleiros

A Polícia Judiciária deteve 20 pessoas suspeitas de falsificação de análises de água, destinada ao consumo humano.  Foram feitas mais de 60 buscas, que visaram diversos particulares, empresas e entidades públicas de concelhos de Bragança, Vila Real, Aveiro, Braga, Coimbra, Guarda, Lisboa, Porto e Viseu.

Várias pessoas foram constituídas arguidas por crimes de abuso de poder, falsidade informática, falsificação de documento agravado, associação criminosa, prevaricação, propagação de doença e falsificação de receituário.

A investigação tem por objecto a actividade fraudulenta de um laboratório, com sede no Cachão, em Mirandela, que é responsável pela colheita e análise de águas destinadas a consumo humano, águas residuais, águas balneares, piscinas, captações, ribeiras, furos, poços e outras.

O laboratório procedia à falsificação de todos os procedimentos de amostragem e análises relativas ao controlo de águas de consumo humano contratadas pelas entidades gestoras em concordância com alguns dos funcionários, dirigentes e eleitos locais destas entidades.

O Coordenador do departamento de investigação Criminal de Vila Real da PJ, António Trogano, diz que esta prática punha em perigo a saúde pública:

“O modus operandi verificado consistia na recolha ou na ausência desta, ou então na recolha e adulteração da mesma, ou até mesmo falsificação dos resultados obtidos.

Os detidos são dirigentes ou funcionários do laboratório, assim como são funcionários e alguns eleitos locais nas entidades gestoras das águas, lê-se câmaras municipais ou então empresas municipais, criadas para o efeito.

O objetivo no final é o ganho económico ou corresponder a um desejo por parte do cliente.

Se uma piscina tem de funcionar com água com qualidade e se estiver contaminada, ela deve ser fechada. Portanto, o próprio cliente, se tiver interesse de não fechar, vai solicitar uma análise que seja no sentido da água ter qualidade, quando ela não tem.”

 

Os detidos vão ser presentes amanhã ao Tribunal do Porto para interrogatório judicial e para aplicação das medidas de coação.

O presidente da câmara de Alfândega da Fé, Eduardo Tavares, confirma que houve buscas e diz que confia na justiça:

“É verdade. Confirmo que houve estas buscas, com base numa queixa anónima.

Em Alfândega da Fé houve buscas na casa de um funcionário e no seu posto de trabalho.

Quero aqui dizer que estamos completamente tranquilos, acreditamos nos nossos serviços e nos nossos funcionários.

Creio que isto se tratam de queixas infundadas, mas obviamente que temos de respeitar o trabalho da Polícia Judiciária, da justiça e acreditar também na presunção de inocência das pessoas.”

 

Em comunicado, a Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros confirma que “foi esta manhã alvo de buscas realizadas pela Polícia Judiciária (PJ), no âmbito de um inquérito titulado pelo Ministério Público – DIAP Regional do Porto, alegadamente relacionado com suspeitas de adulteração de análises de água destinada ao consumo humano.

Como é seu apanágio, a autarquia de Macedo de Cavaleiros e o seu Executivo Municipal manifestaram total disponibilidade para colaborar com as autoridades, em todas as matérias que sejam entendidas como necessárias para apuramento dos factos.

Face às restrições processuais decorrentes da fase de inquérito que se encontra em curso, o Executivo Municipal não tem esclarecimentos adicionais a prestar.” lê-se no comunicado.

Também a Câmara de Vila Flor confirmou que está a ser alvo de buscas, mas adianta que “não tem informações acerca do objeto do processo”.

Já o presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos, diz que até ao momento a autarquia não foi alvo de buscas e lamenta a tentativa de denegrir a imagem de quem gere o município.

“A única coisa que posso dizer é que a Câmara Municipal de Vila Real não foi alvo de qualquer busca, nem a Câmara nem qualquer empresa do universo de municípios de Vila Real.

Portanto, das duas umas: ou quem deu essa notícia a recebeu por antecipação e provavelmente seremos alvo de busca daqui a oito dias, amanhã ou depois; ou então deram essa notícia apenas para denegrir aqueles que hoje estão à frente do Município de Vila Real, porque sabemos que infelizmente a investigação é associada imediatamente à culpabilidade de quem é investigado.”

 

Da empresa Águas do Interior Norte, há um funcionário envolvido, não se sabendo ainda em que concelho trabalhava, visto que a empresa envolve oito municípios. A falsificação visava reduzir os custos do laboratório, colocando em causa a confiança e fiabilidade dos resultados das análises e, consequentemente, a qualidade da água.

Os detidos têm idades compreendidas entre os 25 e 61 anos e são funcionários e dirigentes do laboratório, funcionários, dirigentes e eleitos locais das Entidades Gestores e/ou empresas (câmaras municipais e empresas concessionários).

INFORMAÇÃO CIR (Rádio Brigantia) e Onda Livre

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