Chacim foi reclassificada como Aldeia de Portugal

Chacim foi reclassificada como Aldeia de Portugal

(atualizada às 18h35)

Aquela aldeia do concelho de Macedo de Cavaleiros já é detentora do selo desde 2013 mas foi reclassificada, o que atesta que, pelo menos durante os próximos quatro anos, continua a pertencer a esta rede.

O objetivo é dar às populações ferramentas para continuar a dinamizar as potencialidades da localidade, abrindo assim caminho a outras mais-valias, como explica a coordenadora do projeto Aldeias de Portugal, Cláudia Miranda:

“O que pretendemos com o projeto Aldeias de Portugal é que, no fundo, as populações tenham orgulho pela sua identidade, a consigam referenciar, continuem a trabalhar as suas tradições, os seus elementos identitários e nos deiam a nós matéria prima para continuar a falar delas e colocá-las numa posição de visibilidade, que é a que nos vai dar a possibilidade de que as aldeias não morram e estejam numa posição priviligeada para reclamar alguns apoios, que são importantes para continuar a manter este património vivo.”

Apesar de Chacim já ter renovado o selo em 2022, só agora é que foi assinada a carta de compromisso que traz com ela algumas responsabilidades, ao longo dos próximos quatro anos, sendo depois sujeito a uma reavaliação:

“No fundo é uma carta de intenções em que três dimensões se comprometem a manter vivo tudo isto que nos estamos a fazer.

Uma dimensão é claramente as Aldeias de Portugal, que se comprometem com este trabalho em rede e compromisso de comunicação constante das suas aldeias; a DESTEQUE, que é parte integrante e associada das Aldeias de Portugal e se compromete aqui a manter vivo este elo de ligação entre a rede e as aldeias das quais foi promotora; e a aldeia em si, que é representada pela Junta de Freguesia e pelo Município, que são aqueles que, no fundo, têm uma entidade com a qual podem potenciar uma assinatura, mas que assumem um compromisso que não é deles mas sim de uma aldeia toda e das pessoas que lá vivem. Portanto, aqui comprometem-se a manter vivas as tradições, a ter um grupo de trabalho, a continuar a pensar a aldeia e a mantê-la viva, fazendo acontecer coisas que possam depois vir a ser comunicadas.”

Uma das atividades que surgiu neste âmbito foi a Festa da Azeitona, que teve este fim de semana a segunda edição, e que tem como objetivo dinamizar uma das culturas agrícolas predominantes na aldeia, como explica a presidente da Junta de Freguesia de Chacim, Andreia Eugénio:

“Como aqui somos uma aldeia que produz muito azeite e tem bastantes olivais, decidimos apostar pela festa da azeitona.

Na primeira edição fizemos uma apanha da azeitona num olival nosso e com ela fizemos o nosso primeiro azeite, cuja intenção é comercializar e criar a marca.

Este ano foi mais como uma festa realmente. O sábado foi dedicado à montaria e à venda de produtos, com expositores da aldeia e de fora.

Domingo foi o dia dedicado à festa da azeitona. De manhã começámos com uma caminhada pelos Trilhos do Olival, onde percorremos a parte dos olivais aqui de Chacim, terminando com a prova de torradas molhadas em azeite novo. Seguiu-se o almoço e depois a encenação da apanha tradicional da azeitona.

Com estas atividades queremos que quem nos visita consiga viver e experienciar.”

Na tarde de domingo foi feita uma recriação da apanha tradicional da azeitona, levada a cabo por habitantes da aldeia.

Maria Hermínia da Sílva foi uma das participantes e recorda os tempos de antigamente:

“Os homens estendem as lonas, sobem para as oliveiras e nós, mulheres, apanhamos a salteada.

Depois recolhem a azeitona da lona, para ser limpa com a pá.

Era um dia de festa pois andávamos todo o dia a cantar, às vezes eram ranchos de 15/20 mulheres e outros tantos homens.

Agora há máquinas mas naquele tempo era tudo à mão.

Estamos a recriar para ver se não morrem as tradições das pequenas aldeias, muito envelhecidas, e os poucos que somos temos de fazer por isso.”

Outra das participantes foi Mónica Reis.

Embora pertença a uma geração mais recente, admite ainda ter andado nestas lides, que defende ser importante preservar:

“Lembro-me de quando era criança ajudar os meus pais na apanha da azeitona e lembro-me perfeitamente das tradições, que acho que devemos continuar para não caírem em esquecimento e os nossos filhos poderem também usufruir destas pequenas lembranças.

Antigamente o rancho representava alegria e o trabalho fazia-se sempre com cantares.

As pessoas de idade ainda hoje, quando se reúnem, cantam essas músicas antigas.”

A II Festa da Azeitona encerrou com a atuação do Grupo Cultural e Recreativo da Casa do Povo de Macedo de Cavaleiros.

Já no próximo mês, a localidade vai transformar-se numa “pequena aldeia Natal”, com decoração alusiva à época e um Mercado de Natal no dia 17 de dezembro.

Escrito por ONDA LIVRE

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