FACIRC está preocupada com as consequências do aumento do Lobo Ibérico para a caça maior

O Lobo Ibérico está a prejudicar a caça ao javali e ao corço na região.

O alerta foi deixado por João Alves, presidente da FACIRC (Federação das Associações de Caçadores da Primeira Região Cinegética):

“O lobo ibérico é uma espécie que foi considerada quase extinta no nosso país.

No entanto, os nossos vizinhos espanhóis têm bastante lobo, tantos que deixaram de os caçar e agora retomaram.

Houve incêndios muito grandes em Espanha, que queimaram uma área grande, e o lobo, como é uma espécie muito astuta, procura outros habitats e foram descendo para o nosso país.

O lobo, que não tem predador nenhum, começa a sobreviver à custa da nossa caça. Ou seja, se nós já não temos caça menor, a atividade sobrevive aqui graças à caça maior, mas se o lobo nos vem fazer concorrência a esse nível, a situação torna-se mais complicada.

É um novo problema que estamos agora a ter aqui na nossa zona e parece-me que, se não falarmos nisso e alertarmos, quando nos formos aperceber já não há caça.”

Não concorda, por isso, com o investimento que está a ser feito para a recuperação desta espécie, que de acordo com João Alves, não está em extinção:

“É mentira, o lobo não está em extinção.

Temos aqui situações em que se veem já cinco ou sete lobos juntos. Não estou contra a proteção do lobo, do lince e das restantes espécies, o que estou contra é que não se gaste um único tostão para preservar a caça, que é um setor que gera, se não estou em erro, cerca de 400 milhões de euros de receita no país, e depois sejam dados três milhões para proteger uma espécie que só nos vem prejudicar ainda mais.
Tínhamos a população de javalis bastante controlada na nossa zona, há zonas do país onde dizem que há excesso mas eu acho que aqui isso não acontece. Poderá, ocasionalmente, em algumas zonas, provocar alguns prejuízos mas não é nada de muito grave. E, neste momento, há zonas dessas, onde as populações de javalis e corços estava muito equilibra, mas que neste momento começam a não ter javalis, já não têm corços e os javalis estão-se a deslocar também, as fêmeas e os pequenos estão-se a concentrar em varas muito grandes, o que faz com que estejam muito localizadas em determinadas zonas e não haja javalis em outras.”

A somar a este há outros problemas, como a falta de efetivos de caça menor, as doenças e os custos e burocracias associados à atividade.

O presidente da FACIRC considera que este é mesmo o pior período que o setor cinegético atravessa e, por isso, pede que sejam tomadas medidas:

 

“Neste momento existe também uma grande concentração de caçadores a dedicarem-se à caça maior porque não têm caça menor. Portanto, há aqui uma grande pressão sobre a caça maior que são os caçadores, os lobos e os furtivos.

É preciso reequilibrar as coisas e, para isso, é preciso que o Estado invista na caça menor, para combater as doenças e estudá-las. Houve um programa que decorreu durante uma série de anos e que, na minha ótica, só serviu para que as pessoas que lá estiveram durante algum tempo se orientassem com aquele dinheiro, porque não foram apresentados resultados.
Falava-se de uma vacina que iria ser adquirida através de Espanha, que estava em desenvolvimento mas deixou-se de falar disso.
Tínhamos bastantes perdizes, porque não havia doenças, agora também já há doenças nessa espécie e eu não vejo ninguém preocupado com isso. A única coisa que vejo de preocupação é que nós paguemos as licenças, que as zonas de caça paguem as taxas e está tudo bem.”

Preocupações deixadas pelo presidente da FACIRC, à margem da XXIV Feira da Caça e Turismo e XXVIII Festa dos Caçadores do Norte, que decorreu em Macedo de Cavaleiros, de quinta-feira a domingo.

Escrito por ONDA LIVRE