Este domingo, foi realizada uma viagem artística às instalações produzidas no âmbito do projeto “Agarrar a Água”, com curadoria de António Meireles, em aldeias que circundam a albufeira do Azibo, Santa Combinha, Vale de Prados, Vale da Porca, Salselas e Podence, do concelho de Macedo de Cavaleiros.
São instalações artísticas todas diferentes e que oferecem novas perspetivas sobre o tema e que vão ficar para a prosperidade, nas aldeias onde foram criadas, como conta o também recente coordenador do Centro de Arte Contemporânea Graça Morais:
“Agarrar a água” no sentido de valorizarmos aquilo que é importante na vida, a água, como um símbolo. Não apenas aquilo que faz com que nós vivamos, mas sobretudo que faz com que façamos algo da vida. E se conecte com outras vidas. E que a água tenha essa ligação, que tem em todo o nosso planeta, em que a água é o meio que fornece a capacidade aos seres vivos de existirem.
As obras foram desenvolvidas em conjunto com a comunidade, no âmbito da segunda Bienal De Arte Contemporânea de Trás-os-Montes, como acrescenta o curador da iniciativa:
E este desafio, foi acolhido por vários artistas, com uma grande felicidade em que puderam desenvolver as suas obras em contacto e em conjunto com as comunidades das aldeias, em que houve estas intervenções.
Precisamente, para oferecer não apenas aquilo que é a sua perspetiva sobre o que é “Agarrar a Água”. Esta relação das pessoas com a água. Mas sobretudo, poder desenvolver em conjunto esta reflexão. Esta nova perspetiva, que está em primeiro lugar, ao dispor da população para seu usufruto. Porque estas obras foram geradas em conjunto com as populações destas aldeias. Mas e sobretudo, também com as pessoas que visitam a região, no âmbito da II Bienal, Trás-os-Montes.
Em Santa Combinha, a instalação é da autoria de António Meireles, que explica a obra e o seu objetivo:
Esses desenhos foram encapsulados em garrafas e suspensos num tanque de lavagem de roupa. No fundo, temos estas várias ligações da água. Não a água como esse meio de vida, que nos proporciona a capacidade de nos vivermos. Mas também de fazermos algo dela, como os tanques de lavagem, que já foram mais úteis e agora têm outras utilizações. Como também essas mensagens dentro das garrafas, que será o que é realmente importante. A ligação com as pessoas, o que conseguem fazer entre si, mesmo que haja entre si diferenças. Todos somos diferentes uns dos outros, aquilo que será importante é o que conseguimos fazer em conjunto.
Em Vale de Prados, a instalação mostra duas sacholas, com com um espelho, Carlos Casimiro Costa e Jacinta Costa pretenderam sacralizar este objeto que poucos já usam:
Nós como forma simbólica de representar essa relação com água, fizemos com um instrumento que usamos todos os dias, neste caso as sacholas ou enxadas e quisemos fazer essa valorização.
Do ponto de vista de um objeto ancestral, que quase ninguém valoriza e que é “arqueológico”.
E de certa maneira, tentamos sacraliza-lo, fazendo com que ele passe para um patamar próprio, onde ele deveria estar. Nesse sentido, ao coloca-lo com uma matéria, que é um espelho, também é a representação da própria terra. Nós somos terra, rurais, montanha e floresta, onde eu próprio me incluo.
Em Podence, a instalação é sobre a valorização das mulheres na sociedade rural. Já em Vale da Porca, foram realizadas duas instalações, uma peça em vídeo arte da autoria de Marcos Ramos e Carol. E uma outra numa fonte da autoria de Duarte Saraiva, que procurou a musicalidade da água, como destaca:
Simboliza a fonte da vida em que procurei, através de formas arquiteturais, representar um monumento estrutural, com a marca da terra. É um santuário de sombra e luz.
Portanto, são representadas as nascentes e a água.
A ideia era o próprio cair da água que tinha uma musicalidade. O cantar da água foi essa a minha procura e dar essa função à fonte, daquele Largo de Vale da Porca.
A última aldeia a ver visitada foi Salselas, com uma peça de azulejos, pintada em terracota de Luís Benites e Ofélia Marrão:
É uma memória, do que se passava nas nossas aldeias, quando não havia água canalizada. Então, era necessário ir buscar água à fonte. Normalmente era um trabalho das mulheres da casa e das mais novas. Que aproveitavam esse momento, para se encontrarem e falarem umas com as outras e também namoriscar. A nossa ideia foi representar isso.
A direção artística é de Inês Falcão, que salienta a arte pode também ter a função de unificar a comunidade:
Considero que esta viagem, nesta tarde me deixa de coração muito cheio, mesmo afetivamente. Fomos recebidos muito bem, em todas as aldeias. A arte é exatamente isto, é unir as pessoas, as comunidades e representa muito mais, do que entrar num museu e estar lá a obra, que não dizem tanto, como dizem estas obras enquadradas na rua, e que ficam para a prosperidade.
Vamos agora identifica-las com um texto, com o seu significado. Para que as pessoas das aldeias compreendam melhor o seu contexto, assim como quem visita a aldeia.
Como se sabe, há obras mais fáceis de interpretar que outras onde, que são mais evidentes.
A visita também foi acompanhada por Benjamim Rodrigues, presidente da autarquia de Macedo de Cavaleiros que salienta a prosperidade das obras:
Esta marca é perpetuar a segunda edição da Bienal de Trás-os-Montes, que deixa estas marcas, estas instalações no território. Que estão relacionadas com o tema do projeto, com o simbolismo das atividades rurais e da própria água. E isso só dá mais valor a estas iniciativas paralelas, no âmbito da Bienal.
Estamos ainda a valorizar mais a Bienal e a preenchê-la com outras iniciativas e a construir com bases sólidas bienais para o futuro.
As populações identificam-se e nós temos aqui uma oportunidade também de embelezar as aldeias, e dar-lhe uma componente artística, com muito valor e significado.
Todas as obras vão ser identificadas no local para explicar o contexto de cada peça. A próxima atividade no âmbito da II Bienal de Arte Contemporânea de Trás-os-Montes, que teve como tema “Linha de Água”, será a apresentação do catálogo, que acontecerá em meados de outubro.
Recorde-se que a II Bienal de Arte Contemporânea de Trás-os-Montes reuniu 167 artísticas e 9 curadores, e tem como parceiros a Bienal de Vila Nova de Cerveira, o Museu do Douro, a Sociedade Nacional de Belas Artes e o Laboratório de Artes e Montanhas Graça Morais. Está patente em várias localidades transmontanas, como Alfândega da Fé, Freixo de Espada à Cinta, e Vinhais, e fica patente até 30 de novembro.
Este Website usa cookies para melhorar a sua experiência ao navegar nele. Vamos assumir que concorda mas, pode sair se quiser.AceitarSaber Mais
Politica de privacidade e Cookies
Privacy Overview
This website uses cookies to improve your experience while you navigate through the website. Out of these, the cookies that are categorized as necessary are stored on your browser as they are essential for the working of basic functionalities of the website. We also use third-party cookies that help us analyze and understand how you use this website. These cookies will be stored in your browser only with your consent. You also have the option to opt-out of these cookies. But opting out of some of these cookies may affect your browsing experience.
Necessary cookies are absolutely essential for the website to function properly. This category only includes cookies that ensures basic functionalities and security features of the website. These cookies do not store any personal information.
Any cookies that may not be particularly necessary for the website to function and is used specifically to collect user personal data via analytics, ads, other embedded contents are termed as non-necessary cookies. It is mandatory to procure user consent prior to running these cookies on your website.