Várias centenas de viticultores do Douro manifestaram-se esta manhã, na Régua, contra a crise que se agrava a cada ano e para exigir ao Governo medidas que os ajudem a sobreviver.
Este ano voltam a estar confrontados com os mesmos problemas das duas anteriores vindimas: empresas produtoras de vinho que querem comprar menos uvas, preços em queda e a previsão de nova redução do quantitativo de mosto a destinar à produção de vinho do Porto.
O protesto de hoje foi promovido pela Confederação Nacional de Agricultura (CNA) e pela filiada Associação dos Viticultores e da Agricultura Familiar Douriense.
Manuel dos Santos Costa, agricultor de Tabuaço, explicou o que o preocupa:
“De caminho temos que deixar a monte, não dá, não dá… Não dá para trabalhar. Se elas não querem as uvas, vamos fazer o que?”, questiona. “Para já mandaram uma carta a dizer que talvez ficassem com o mesmo do ano passado, que talvez, mas esse ainda é um talvez, que ainda não têm a certeza, não é? E tanto dinheirinho que gastamos… parece que não, mas fica muito caro trabalhar aqui na região de Douro. Porque é quase tudo manual, porque há muitos sítios, que já se trabalha com tratores e tal, tudo bem. Isto é [culpa] dos nossos governantes, porque se eles estivessem aqui, mas não estão, eles dizem estar agora, mas amanhã já não se lembram disto. Já não se lembram de nós nem de ninguém. Nós somos desprezados por todos”, expressa.
Maria da Conceição Lebres, da Galafura, na Régua, alertou para a necessidade de ser apertar a fiscalização à entrada ilegal de uvas na Região Demarcada do Douro:
“Já temos cá vinha suficiente, que chega para o Douro, não precisamos cá disto, disto, de fora. E precisamos de quem compra as uvas. Os nossos compradores só estão a comprar parte delas, não querem mais. Ao entregarem a carta de benefício, colocaram lá que só tinha de colocar tantos quilos . Questionada sobre um eventual corte do benefício, Maria atira: “Que nem pensem nisso, porque senão temos que ir pedir para um saco”.
As despesas são cada vez maiores. Como é o caso do sulfato, enxofres, adubo, herbicídas… o pessoal é mais caro e nós cada vez fazemos menos”, revela.
Vítor Herdeiro, da Associação dos Viticultores e da Agricultura Familiar Douriense, ficou satisfeito com a adesão à manifestação que começou na estação ferroviária da Régua e terminou junto à Casa do Douro:
“Sim, uma adesão bastante boa, nós sabemos das dificuldades de muitos viticultores que não se podem deslocar outros vieram em máquinas e tiveram que as deixar para trás, não poderam vir, estão com elas porque eles não deixaram entrar as máquinas e portanto mesmo uma adesão bastante boa, cerca de um milhar de viticultores, não posso exprimir, mas cerca de um milhar de viticultores que se apresentaram aqui hoje na Régua porque a situação é mesmo muito grave”, reforça.
Vítor Herdeiro explica que “o não quererem ficar com as uvas cerca de mil cartas que mandaram já muitos viticultores a dizerem as grandes casas que não ficam com uvas este ano porque eles compram vinho de fora vindo de outras regiões mais baratas, como é óbvio e sem controle, isto é um estrangulamento para a Região Demarcada do Douro o não ficar com as uvas, e vai levar aqui muitos viticultores vão desaparecer e vão deixar de granjear as suas vinhas”.
Uma delegação dos viticultores do Douro pretende ir a Lisboa, no dia 16 de julho, entregar um caderno reivindicativo ao primeiro-ministro.
INFORMAÇÃO CIR (Escrito por Rádio Ansiães)