Escrito por: Miguel Midões e Lídia Martins (Rádio Onda Livre – CIR)
A barragem da Burga, no Vale da Vilariça, está apenas a 30% da sua capacidade.
Um cenário de escassez de água, que vai trazer malefícios à agricultura desta região, que abrange os concelhos de Macedo de Cavaleiros, Vila Flor e Torre de Moncorvo.
Fernando Brás, da Associação de Beneficiários do Vale da Vilariça, refere que as preocupações residem no investimento que foi feito na produção e não nas culturas anuais.
“As preocupações são em relação à forma como vão passar o ano. Para além de poderem perder a produção, podem ainda perder o investimento. O que podemos fazer é sensibilizar as pessoas que fazem culturais anuais para não as fazerem, para que essa água fique disponível e não se perca o investimento”.
O setor mais afetado no Vale da Vilariça é a fruticultura.
A chuva ainda poderá fazer a diferença e resolver o problema hídrico, adiando o período de rega na zona da Burga.
“Há um fator muito importante, a chuva. Não chovendo a necessidade de regar é antecipada. Se chover vamos guardando as reservas, por isso depende muito disso. Qualquer árvore de fruto está afetada”.
A falta de água afeta também a pastorícia. O pasto está seco e queimado e escasseia o alimento para as ovelhas do empresário Rui Tadeu.
“A questão mais central é a falta de pastos, porque nesta altura deveria estar verde e com água e está completamente seco e queimado, embora o stresse hídrico afete todas as plantas, ou seja, olival e vinha também vão sofrer.”
O empresário adianta que tem reservas de alimentação que já estão a ser utilizadas e que seriam apenas para o verão.
“Quando se gere uma empresa sem teto temos de ter previsto as reservas, embora estas fossem mais para o verão. São palhas, aveias, centeio e já estão a acabar-se. Resta-nos a fé que apareça a chuva, se demorar mais do que quinze dias tornar-se-á dramático”
A ministra da Agricultura, Assunção Cristas, refere que se o cenário de seca se mantiver terão de ser accionadas medidas comunitárias de apoio.
“Ainda continuamos à espera que S. Pedro dê um ajuda, mas estamos a fazer um levantamento, para termos um plano B, para termos soluções através do acionamento de algumas ajudas comunitárias. Mas, neste momento ainda não temos o cenário de seca, para lá caminhamos. E, estando em cenário de seca, estas medidas adicionais terão de ser acionadas de imeadiato. No próximo conselho de agricultura irei fazer uma primeira sinalização acerca da seca em Portugal.”
Para solucionar os períodos de seca do Vale da Vilariça, a Associação de Beneficiários tem dois projetos, um ligado à rega de mais de 300ha, construindo um dique para reforçar a Barragem da Burga, outro ligado à rotatividade das culturas. Projetos que já têm financiamento do PRODER, o segundo está inclusive já em funcionamento.