Comerciantes não veem vantagens na liberalização do comércio

Os comerciantes de Macedo de Cavaleiros não veem vantagens nas propostas do Governo quanto às novas regras para o setor.

Quer  o Governo que os comerciantes possam passar a definir a época de saldos, até quatro meses por anos. O horário também vai poder sofrer alterações, e passam a poder optar por estar abertos 24 horas por dia.

Ora, quem tem casas abertas não encontra grandes benefícios ou melhorias com as alterações em cima da mesa.

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“Pensando bem, eu acho que aqui não traz muitos benefícios isso assim, de ter os horários…

Isso dos saldos, se calhar, já acho que sim. Cada um fazia os saldos quando quisesse, e mais nada.” – disse Paulo Peixeiro, um dos comerciantes abordados.

“No nosso ramo é um bocado indiferente a questão dos saldos. Nós não fazemos.

O horário, acho que também não tem alteração. Temos o horário normal a cumprir e acho que não vamos alterar nada.

Penso que não seria vantajoso poder definir um horário.

Chaga-se a uma determinada hora e já não há aquele movimento na rua.” – Leandro Guerra tem uma loja de venda de materiais de construção e bricolagem, e afirma que estas propostas em nada vão alterar a sua rotina.

“Não há saldos, mas há promoções. Antes dos saldos, há sempre promoções já. Portanto acho que vai ser igual.

Em Macedo acho que não. Porque, tirando o nosso horário de funcionamento, acho que depois já não há mais ninguém. Nós fechamos às sete, e a essa hora não há ninguém na rua.” – Filipa Silva é mais uma comerciante que não vê vantagens na proposta governamental.

Os comerciantes vão poder passar a fazer saldos quando quiserem. Esta é uma das alterações do novo regime jurídico do comércio que prevê igualmente a liberalização dos horários de funcionamento.

O receio de não conseguir manter as portas abertas, ou pagar aos funcionários, é uma constante entre os comerciantes, numa cidade que consideram estar cada vez mais desertificada.

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“Mais gente. Se houve mais gente. Há muito pouca.

Antigamente havia mais, agora nem por isso.” – Bruno Silva recorda outros tempos em que diz que a cidade tinha mais população.

“Sim, temos quebras, como toda a gente tem.

Há menos pessoas, tiveram que emigrar, e vendemos menos, isso é verdade.

Traz receio, claro. Podemos não conseguir aguentar os funcionários que temos.” – Leandro Guerra não esconde as dificuldades.

“Eu já abri nesta crise, porque abri a loja há pouco tempo.

Isso sempre foi um medo que eu tive. Macedo vai estar cada vez pior. Não vejo nada que faça com que vá melhor.” – a comerciante Filipa Silva concorda com Leandro Guerra.

Novas escolas, criação de indústrias ou um melhor aproveitamento da barragem do Azibo são algumas das sugestões para que se veiculem mais pessoas para Macedo de Cavaleiros.

 

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“Em primeiro lugar devia haver aqui alguma instituição ou alguma coisa que trouxesse gente a Macedo. Quer fosse para estudar, quer fosse para trabalhar, alguma fábrica.

Alguma coisa que trouxesse gente, sobretudo. Porque a partir daí tudo melhora.” – Filipa Silva partilhou que o essencial, na sua opinião, é trazer pessoas para a cidade.

“Devia ser feita alguma coisa. Já foi bom o IMI ter baixado. Já é um incentivo.

Podiam continuar a apostar na barragem. De forma diferente.

Mas agora com o acesso sem passar em Macedo, se calhar não vai ser bom para nós.” – Leandro Guerra aposta na exploração do que de melhor a terra tem.

Os lojistas de Macedo de Cavaleiros não encontram benefícios nas propostas do Governo para alterar as regras do comércio e dizem que as novas medidas não trazem vantagens para o comércio tradicional.

 

 Escrito por ONDA LIVRE