A ansiedade e a incerteza que fazem parte do quotidiano da sociedade de hoje são algumas das razões que podem levar ao suicídio.
A afirmação é de um docente e sociólogo da Universidade de Salamanca.
Em Macedo de Cavaleiros decorreu o seminário “Olhares sobre a problemática do suicídio”, destinado a profissionais da área da saúde e da intervenção social.
Entre os oradores esteve Fernando Gil, que enumerou alguns fatores que podem desencorajar ou aumentar o risco de suicídio na sociedade atual.
“Entre as que não levam falamos, por exemplo, do medo da morte e falamos de como se inseriu um tabu, uma espécie de proibição, explícita ou implícita, de fazer isso.
E os fatores sociais que de alguma forma estão a levar a essa tendência têm a ver, sobretudo, com o estilo de vida, com a sociedade bastante neurotizada.”
A ansiedade e a incerteza que fazem parte do estilo de vida de hoje são alguns dos motores que podem levar ao suicídio explica Fernando Gil.
“A ansiedade é um dos fatores mais importante, porque é definida pelos psiquiatras como um estado de alerta do organismo, originado por um sentimento de insegurança indefinido. Então esse sentimento de insegurança indefinido, que nós sentimentos geralmente na vida porque não controlamos, praticamente, os nossos destinos.
Nas pequenas coisas também. Saímos de carro de manhã e não sabemos se o trânsito vai estar congestionado. Não sabemos como vai estar o clima, o que vai acontecer na escola do nosso filho ou no nosso trabalho.
É um clima de insegurança muito forte, que aumenta a ansiedade. E essa ansiedade faz parte do contexto do nosso estilo de vida.”
Temos, de um modo geral, mais medo da vida do que da morte, conclui Fernando Gil.
“Schopenhauer, filósofo alemão, dizia que as pessoas quando se suicidam chegam à conclusão que o medo da vida é superior ao medo da morte.
A nossa responsabilidade como educadores é trabalhar os medos que temos à vida.
Por exemplo, um menino que se suicida porque tem medo da escola, porque acha que se vão rir dele ou que vai ter uma má nota.
É uma grande perda para toda a sociedade, um suicídio infantil por ter medo à escola. Porque somos nós que criamos esse medo à escola.
E quem diz o medo à escola diz o medo à contaminação, e todos os medos que temos na nossa vida. Como da emigração, do trabalho que podemos perder.
Há pessoas que se suicidam por causa da crise.”
“Olhares sobre a problemática do Suicídio”, um seminário que teve lugar no Campus Académico do Nordeste virado para os profissionais de saúde e de intervenção social.
Uma sessão não destinada à prevenção, mas sim a entender os motivos que podem conduzir ao suicídio.
Em Portugal estima-se que pelo menos cinco pessoas se suicidem por dia, o que coloca o país em terceiro no ranking dos países europeus onde o número de suicídios mais aumentou nos últimos 15 anos.
Escrito por ONDA LIVRE