Basquetebolista paraplégico de Mirandela faz cerca de 2000 km por mês para jogar na primeira divisão

Agora, a história de vida de um mirandelense paraplégico que por amor ao basquetebol em cadeira de rodas, faz cerca de dois mil quilómetros, por mês, para treinar no Paredes e representar aquela equipa na primeira divisão.

Paulo Araújo quer ser campeão nacional e representar Portugal no campeonato da Europa de 2021.

Nasceu, há 29 anos, com uma deficiência motora grave, resultante de uma doença congénita (espinha bífida).
Paulo Araújo já foi submetido a 19 intervenções cirúrgicas para tentar aumentar o seu grau de mobilidade. Atualmente tem 90 por cento de incapacidade.
Mas nem isso o desmotivou e sempre quis atingir várias metas.
Começou a praticar basquetebol em cadeira de rodas, com 11 anos, incentivado por um amigo que praticava a modalidade.
Como não havia competição em Mirandela, procurou outras paragens representando associações de Bragança, Chaves e Vila Pouca de Aguiar, até que, em 2012, surgiu a oportunidade de ingressar na equipa da Associação Portuguesa de Deficientes de Paredes, no Porto, que milita na primeira divisão.
“Em Mirandela continuamos sem resposta e sem atletas para competir a nível nacional. Havia em Braga e Paredes, e eu estava a jogar em Vila Pouca de Aguiar que acabou por desistir do campeonato. Como não quis parar, surgiu a oportunidade de ir para Paredes que é uma equipa motivadora que me facilita várias coisas.

Para mim é uma verdadeira família.”
Com a ajuda dos pais, Paulo tem conseguido manter esta paixão, até porque, Paredes fica a 130 quilómetros de distância. Só para treinar, duas vezes por semana, estamos a falar de duas deslocações, ida e volta, que perfaz cerca de 520 quilómetros por semana, mais de 2 mil quilómetros por mês multiplicados por oito meses, período que dura a competição:
“Fora os jogos que tenho durante o fim de semana.
Por vezes, chego a sair de casa às 5h da manhã para ir jogar a Lisboa. Tenho tido muito apoio da minha família, de resto não tenho patrocínios, é tudo praticamente às minhas custas.”
Todo este sacrifício tem um objetivo bem definido:
“Vou trabalhar nesta nova época e tentar lutar para conseguir estar no Euro 2021. Esse é o meu grande objetivo.”
Este mirandelense admite que praticar a modalidade tem sido um fator de motivação para não esmorecer e espera servir de exemplo para quem tem estas limitações:
“Tento motivar estas pessoas, não baixar a cabeça e lutar cada dia mais.
Quero mostrar que somos iguais a todas as pessoas. Apesar das dificuldades, podemos não conseguir de uma forma mas conseguiremos de outra.
É tudo uma questão de mentalidade.”
Profissionalmente, Paulo é, desde novembro de 2018, operador de Call Center no Hospital Terra Quente.
Uma lição de vida de Paulo Araújo, um mirandelense que sofre de uma deficiência motora grave, mas que não baixa os braços e quer continuar a somar objetivos.
No fundo, quer ser um exemplo de motivação para quem tem problemas de mobilidade.
INFORMAÇÃO E FOTO CIR (Rádio Terra Quente)