Trabalhadores da Faurecia em greve por melhores salários

Os trabalhadores da Faurecia, em Bragança, estão em greve, à porta da fábrica. O protesto foi convocado pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte. É pedido um aumento em 90 euros dos salários, a devolução de euro do subsídio de alimentação e melhores condições de trabalho, nomeadamente na climatização.

Segundo o representante sindical e também trabalhador na fábrica, a adesão ronda os 75% na generalidade dos turnos, sendo que a greve já começou com o turno da noite. Rui Pereira explica que com o protesto pedem aumento dos salários e melhores condições de trabalho:

 “Andamos há dois anos a negociar com a empresa. Já apresentámos dois cadernos reivindicativos, sendo que uma das propostas era o aumento de 90 euros por mês. A situação atual obriga-nos a reivindicar estes valores porque cada vez está mais insuportável vivermos. No fundo, também queremos apelar a que nos tomem como os produtores de riqueza. Temos direito a viver com dignidade, a educar os nossos filhos e estar com eles, bem como a fins de semana, sem andar sempre a faltar o dinheiro.”

Os trabalhadores já entregaram, em fevereiro, um caderno reivindicativo, mas, até agora, não houve qualquer resposta.

“Pura e simplesmente remeteram-se ao silêncio, não nos contactaram para nada. Nestes últimos dias, depois de a greve ter sido anunciada, andaram a sensibilizar as pessoas, apelando à imagem e prestigio da empresa perante clientes e fornecedores. Mas não se referiram ao principal, que são os trabalhadores, nem contactaram os delegados sindicais, convocando uma reunião para nos sentarmos e falar, sendo que até ao dia de ontem a greve poderia ter sido cancelada.”

Aníbal Madeira trabalha na Faurecia há oito anos e também fez greve esta manhã. Diz que o salário já não é suficiente para suportar as despesas e afirma que a posição da direção é uma falta de consideração para com os trabalhadores:

“O custo de vida para os alimentos está entre o 7,1€ e os 8,9€, o gasóleo está a um preço exorbitante, eu sei que a fábrica não tem culpa disso, mas tem que nos dar alguma ajuda para conseguirmos vir trabalhar, manter a nossa dignidade e, pelo menos levarmos alguma coisa para as nossas famílias. Temos sido versáteis, até hoje temos feito o que eles nos pediram. Com o tempo da covid, com a crise, com a guerra na Ucrânia, pediram que fossemos versáteis e trabalhássemos em várias linhas. Não nos dão nada do que pedimos. É sempre não, não e não.

Acha que é uma falta de respeito para com o pessoal que trabalha, que cumpre e que vem, chegamos ao sábado, pedem para virmos, nós vimos, deixamos a família em casa, desmarcamos compromissos para vir trabalhar, para que a fábrica continue a trabalhar.”

Depois da greve, o sindicato quer reunir novamente com a empresa, explica o dirigente sindical do Norte, Miguel Moreira.

A greve já começou com o turno da meia-noite. A direção da Faurecia disse que não iria prestar declarações.

INFORMAÇÃO E FOTO CIR (Rádio Brigantia)