Projeto de 17 milhões de euros promete transformar Balsamão num destino turístico integrado

Está previsto que, dentro de três anos, nasça em Balsamão, em Chacim, no concelho de Macedo de Cavaleiros, um projeto turístico integrado com as diversas potencialidades do território, ocupando os 150 hectares que compõe o termo do convento.

O investimento previsto é de 17 milhões de euros, envolvendo 50 pequenas áreas de negócio e a criação de 80 postos de trabalho diretos, mais 200 indiretos.

Duas das componentes do projeto são a reativação das termas de Balsamão, para fins terapêuticos e de lazer, e a criação de um hotel de quatro estrelas, explica Marco Rebelo, da Coordenação do Projeto Turístico de Balsamão:

“Terá a componente de turismo de saúde, não fosse Balsamão conhecido pelas termas que existiram na Abelheira, o que se quer transpor com a formalização das águas termais de Balsamão, trazendo saúde e bem-estar, dando outro enquadramento a todo o projeto turístico, com programas integrados entre alijamento e saúde.

Depois, há aquela componente mais turística, com a criação de um hotel de quatro estrelas, com 79 quartos, de vários tipos, também para estadias longas, recuperando, para isso, todo o edificado do cimo do monte de Balsamão. Terá ainda uma casa de hóspedes (guesthouse) na Abelheira, na quota baixa, com mais nove unidades . Haverá ainda um conjunto agregador de atividades, quer em termos de restauração, bebidas, reuniões, congressos e um centro multiusos, que poderá ser usada para a vertente corporativa como para outros tipos de eventos.”

Outra das fortes apostas do projeto é a transformação agroindustrial, do turismo natureza e a vertente cultural:

“Temos também a parte agroindustrial de produtos da terra, que vai ser ligado a esta componente turística. Vai contemplar uma cervejaria artesanal, melaria, destilaria, cozinha regional e a agregação de uma série de produções artesanais que, no fundo, estão simbolicamente ligadas à história conventual, que se quer transportar também para cá.

Depois, sob o ponto de vista turístico, é pretendido trazer uma componente de mindfulness mas também de turismo natureza. Está previsto ainda um conjunto de cerca de 30 atividades de animação turística, com um investimento direto de quase um milhão de euros, no sentido de alavancar aqui uma série de usos ao nível da caminhada, do ciclismo, ou seja, uma série de experiências de turismo ativo, e também o Museu de Balsamão, que terá uma componente de realidade aumentada, transpondo um pouco aquilo que é a parte física e tecnológica, contando a história precisamente deste o século XIII até à atualidade.”

Apesar de contar já com algumas candidaturas aprovadas, a concretização do projeto está dependente de financiamento de fundos comunitários do Portugal 2030, no valor de cerca de 9 milhões de euros, que ainda terão de ser candidatados e aprovados. Ao convento, através da Congregação dos Marianos da Imaculada Conceição, também a nível internacional, cabe o investimento direto de 5 milhões diretos e, os restantes 4 milhões, terão de ser conseguidos através de empréstimos, a taxas bonificadas ou sem juros.

Atualmente, o convento recebe, por ano, uma média de 100 mil pessoas.

De acordo com o Padre Eduardo Novo, dos Marianos da Imaculada Conceição, apesar de ser mais que um projeto turístico, que envolve um grande número de pessoas, não é para massas:

“Trata-se de um projeto que conjuga as várias vertentes para que possamos ter neste espaço todas estas dinâmicas envolvidas, a partir de dentro, para que a pessoa, através deste gesto de partilha e comunhão, possa sentir.

Com os saberes ancestrais, estamos a recolher tradições, hábitos e a recriar e transformar todos os produtos agrícolas, para que a partir daí possamos estar junto das pessoas e elas de nós. Conseguimos ter a parte da transformação na própria inclusão da sociedade e da humanidade, a criação de postos de trabalho e o desenvolvimento do carisma da própria congregação.
Não será um projeto para massas e embora envolva várias pessoas em várias dinâmicas e frentes, não queremos ter excesso de carga para que também o espaço não fique pesado.”

Dada a dinâmica e as várias componentes que contempla, este projeto é algo novo em Portugal e a ideia é que possa ser aberto ao público em junho de 2025.

Conta também com o apoio da Turismo do Porto e Norte de Portugal, cujo presidente, Luís Pedro Martins, considera que vai ajudar a qualificar a oferta turística de Trás-os-Montes:

“É um projeto muito interessante para ajudar a qualificar a oferta turística da região, muito em particular deste subdestino que é Trás-os-Montes.

Sabemos a dificuldade que é fazer com que os turistas que entram pela área metropolitana, porta de entrada para os turistas internacionais, percorram todo este território e era preciso encontrar razões para que eles o fizessem. Ao ter aqui uma capacidade hoteleira desta qualidade, aliada a outros produtos que também são importantes para a região da Turismo do Porto e Norte, como é exemplo o termalismo, é criar outro tipo de experiências que podem ser feitas neste local.
Algo que está muito em voga, o chamado turismo criativo, que passa por experiências que os turistas não conseguem encontrar em outras latitudes, o poder tosquiar uma ovelha ou ver como se tira o mel, mas também o permitir da reflexão, o contacto mais espiritual para aqueles que o querem faze. São muitas as razões que fazem com que a Turismo do Porto e Norte de Portugal esteja de alma e coração a apoiar este projeto.”

O projeto já foi apresentado à comunidade.

Escrito por ONDA LIVRE

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